O CORONEL JOÃO JOSÉ PALMEIRO X MARIA JOSEFA DA FONTOURA
CORONEL JOÃO JOSÉ PALMEIRO
O primeiro Palmeiro no Brasil e no Rio Grande do Sul, o fundador desta família, é, como acima já citamos, o Cel. João José Palmeiro, que aqui aportou em 1801, com 27 anos. É uma figura interessante, mas infelizmente só há dados esparsos sobre sua vida. Sabe-se, porém, que nasceu na freguesia de São Vicente Mártir da Vila Franca de Xira, patriarcado de Lisboa, a 31 de março de 1774, sendo batizado a 24 de maio do mesmo ano e morreu em Porto Alegre, a 2 de março de 1830, quando estava para completar 56 anos de idade.
Era ele filho legítimo de Luiz José da Silva Pereira, natural da freguesia de São Vicente Mártir da Vila Franca de Xira, que casou no oratório particular de seu sogro, em São João de Alhandra, a 15 de fevereiro de 1764, com Maria Herculana Margarida da Silveira, natural da mesma freguesia de S. João de Alhandra; era neto paterno de Manoel da Silva Pereira e de Maria de Jesus; era neto materno do capitão-mor Diogo José Palmeiro e de Maria Caetana de Oliveira. Portanto João José recebeu o sobrenome do avô materno e não o do pai, por varonia deveria chamar-se Silva Pereira e não Palmeiro. Pesquisas genealógicas em Portugal buscando sua ascendência em linha masculina, devem, portanto, procurar o sobrenome Silva Pereira e não Palmeiro. Tanto o nome Palmeiro como Pereira parecem indicar ascendência judaica. Terão sido um dia cristãos novos?
Na Internet encontramos a transcrição de dois atos governamentais portugueses que podem ter interesse para alguma pesquisa sobre a familia do cel. João José Palmeiro, referindo-se a um oficial chamado Joaquim Diogo Palmeiro:
Gazeta de Lisboa, nº 205, sábado, 30 de agosto de 1817:
Na Ordem do Dia de 15 de agosto se publicarão as seguintes promoções por Portaria do Governo de 30 de julho: (....) Tenente da quinta Companhia Joaquim Diogo Palmeiro
Gazeta de Lisboa, nº 289, ano de 1825 – Quinta-feira, 8 de dezembro -Parte Oficial – Nº 147 – Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra, em 29 de novembro de 1825:
Por decreto de 13 de maio do corrente ano. Regimento de Milícias do Termo de Lisboa Oriental (....) Reformado com as honras de Capitão por Graça Especial em atenção aos seus serviços, o Capitão Joaquim Diogo Palmeiro.
Também na Internet é transcrito um curioso livro “Policia Secreta – Dos últimos tempos do Reinado do Senhor D. João VI e sua continuação até dezembro de 1826” , Lisboa, Na Imprensa de Candido Antonio da Silva Carvalho, 1835. Trata-se de obra de autoria de João Candido Baptita de Gouvêa, empregado na Polícia Geral do Reino, e que está na Berkeley Library University of Califórnia (Est. J, Prat. 5, Liv.7). O autor, em determinado momento, faz considerações (em geral negativas) sobre o caráter e opiniões dos comandantes, oficiais e oficiais inferiores dos corpos militares da segunda linha. Assim, ao falar do Regimento de Voluntários Reais de Milícias a pé de Lisboa Ocidental (p. 216), em 29 de agosto de 1824, menciona logo em terceiro lugar, Diogo João Climaco Palmeiro, tenente coronel: “Estúpido no último ponto, ingrato, mal intencionado e sem caráter, o que é publico e notório; e tem mostrado decidida desafeição ao Governo de Sua Majestade”.
Mais em baixo (p. 220), ao falar dos oficiais do Regimento de Milícias do Termo de Lisboa Oriental, menciona em segundo lugar o já mencionado Joaquim Diogo Palmeiro, capitão da 5ª companhia: “Andou às ordens de S.A. o Infante (D. Miguel) no dia 30 de abril, e na Alhandra, onde reside, tem publicado que há de matar todos aqueles que não forem de seu partido,”
[Serão Joaquim Diogo Palmeiro e Diogo João Climaco Palmeiro parentes de João José Palmeiro? É de notar que ambos usam também o nome Diogo, que era o do avô materno de João José, insinuando-se assim um nome de familia]
João José Palmeiro era a 6 de maio de 1796 aspirante a guarda-marinha da Armada Real Portuguesa; guarda-marinha a 22 de outubro do mesmo ano; 2º tenente a 19 de dezembro de 1798; passou a capitão de Dragões (Cavalaria) do Rio Grande de São Pedro por patente de 10 de setembro de 1801, foi sargento-mor (equivalente hoje a major) e morreu como coronel reformado.
Dele diz Aurélio Porto que foi oficial de valor, inteligente, ativo. Atingiu postos superiores, sendo comandante das Missões de 8 de maio de 1823 a princípios de 1826. Comandou depois o 24º Corpo de Milícias quando da invasão de Frutuoso Rivera.
Chegou à freguesia de São José do Norte em 1801, como oficial da Armada Portuguesa e em um baile em honra dos oficiais do navio ao qual pertencia, conheceu Maria Josefa da Fontoura, de quem ficou enamorado. Regressando ao Rio de Janeiro, pediu transferência da Marinha para o Exército e voltou ao Rio Grande onde, poucos dias após, casava com Maria Josefa. Tiveram 12 filhos, todos, principalmente as mulheres, farroupilhas de grande destaque.
Conta Cláudio Orandi Rodrigues em “São Borja e sua História”: “Em 8 de maio de 8 de maio de 1823 era nomeado o novo comandante das Missões, Coronel João José Palmeiro, tronco da grande família desse apelido no Rio Grande do Sul. Durante sua administração, o governador da Província, Fernandes Pinheiro, resolveu estabelecer uma colônia de alemães na região missioneira. Consultando João José Palmeiro, este designou como lugar mais apropriado o povo de São José onde fez a medição das terras para distribuição. Construindo ranchos para abrigar os imigrantes, recebeu-os em 6 de janeiro de 1825. Repartiu animais vacuns e cavalares, forneceu ferramentas agrícolas, distribuiu rações suficientes para poderem se estabelecer. Fernandes Pinheiro no seu afã de obter êxito na colonização, selecionou os melhores elementos para ficar na feitoria de São Leopoldo, enviando para João José Palmeiro o restante, com vista de que, segregando os maus elementos na formação da nova colônia, pudesse João José Palmeiro discipliná-los para o trabalho. Esses maus elementos, arrebanhados nas ruas das grandes cidades da Alemanha, cheios de vícios, não conheciam nem mesmo os rudimentos da agricultura , motivo porque não foi possível fazer progredir a colônia. Em pouco tempo estavam reduzidos à miséria e foram abandonando suas casas, vendendo seus animais e as ferramentas ainda não usadas e transferindo-se para outras cidades do interior da Província. Os remanescentes foram conduzidos para São Borja e assim chega ao fim a colônia alemã missioneira, na qual Pinheiro Fernandes pusera tantas esperanças. Iniciou Pinheiro a execução do Ofício Imperial de 20 de abril de 1824, procurando reabastecer as estâncias dos povos, suprindo com gados alçados os campos desertos para a subsistência do povo, criando uma fiscalização administrativa: “Para prevenir dilapidações dos administradores, criou um centro de contabilidade no povo de São Borja, onde debaixo da inspeção imediata das primeiras autoridades daquela Comarca, se recenseassem as contas dos administradores parciais, todos os trimestres, e se armazenassem os produtos mais fáceis de transportar pelo rio Uruguai”. – De pouco tempo dispôs Palmeiro para dirigir essa organização, substituído que foi no comando da Fronteira e Governo das Missões pelo Tenente Coronel Cláudio José de Abreu, em princípios de 1826” (p. 74).
Trata também Cláudio Orandi Rodrigues na mesma obra da atuação do cel. João José Palmeiro na invasão de São Borja em 1828 pelo caudilho uruguaio D. Frutuoso Rivera. Este “para ganhar a confiança de seus compatriotas, resolveu invadir os Sete Povos das Missões que se encontravam desguarnecidos, somente com o 24o e o 25o Regimento de Guaranis que ao todo atingiam 500 homens, ao mando do Coronel João José Palmeiro, encarregado de guarnecer toda a fronteira da Argentina até a foz do Arapey, coisa humanamente impossível para sustar o avanço de um exército organizado, como aconteceu. (...) Invadiu (Rivera) o Rio Grande do Sul pelo passo de Santana Velha, no Uruguai, e se dirigiu para São Borja (...). Era comandante das forças o Coronel João José Palmeiro, dispondo do 24o das milícias guaranis e uma companhia de lanceiros, estando o Comando Geral da Fronteira com o Coronel de primeira linha Joaquim Antonio de Alencastre. (...) se sucederam as deserções nalgumas forças brasileiras. (...) Vendo-se abandonado, Joaquim Antonio de Alencastre entregou o comando ao Tenente Coronel João José Palmeiro e retirou-se de São Borja com uma pequena escolta que lhe ficou fiel. Palmeiro e o Coronel Lago, com algumas famílias também abandonaram São Borja e foram para Cruz Alta e Passo Fundo” (pp. 79-82).
Sobre o assunto já tratara Aurélio Porto em sua obra “História das Missões Orientais do Uruguai”(2a edição revista e melhorada pelo P. Luis Gonzaga Jaeger, SJ, vol. IV de “Jesuítas no Sul do Brasil”, 2a parte, Livraria Selbach, Porto Alegre 1954). Depois de dar alguns dados biográficos do coronel João José Palmeiro, que já mencionamos (pp. 365-371), observa: “Os defensores das Missões, como esse Boaventura Soares, os Palmeiros, os Alencastros, e outros, cujos nomes ressaltam destas páginas, serão, poucos anos depois, os próceres do farroupilhismo que invade o Rio Grande do Sul (...) A incursão de Rivera, o êxodo dos remanescentes das populações indígenas que seguem o caudilho em sua retirada, o despovoamento completo dos Sete Povos de massas dessa origem, marcam inegavelmente o fim do regime missioneiro (...). Esta é a última página das Missões” (p. 384).
Aqui e ali Aurélio Porto dá algum detalhe que não consta exatamente na obra posterior de Cláudio Orandi Rodrigues. “Em fevereiro de 1828, por ordem do comando geral do Exército em operações no Sul, foi mandado retirar de Missões e adir ao corpo do general Sebastião Barreto o 25o de milícias guaranis que, juntamente com o 24o, guarnecia aquela fronteira. Ficava ali unicamente este corpo, sob o comando do tenente-coronel João José Palmeiro e mais uma companhia de lanceiros guaranis, não atingindo toda essa guarnição a 500 homens de armas”(p. 385). E mais adiante: “Tendo conhecimento da entrada de Rivera em território brasileiro, o coronel Alencastre, de São Borja, comunicou ao comando em chefe do Exército “que não tinha meios nem forças para batê-lo e se poria em retirada até encontrar recursos que (em vão) tinha pedido ao comandante da fronteira do Rio Pardo, o visconde de Castro. Nesse meio tempo Alencastre adoece gravemente, passando o comando ao tenente-coronel Palmeiro, comandante do 24o (...). A 23 de abril, tendo já o inimigo às portas, os coronéis Alencastre, unicamente com seis homens que lhe ficaram fiéis, Palmeiro e (Manuel da Silva Pereira do) Lago, que levavam algumas famílias que se retiravam, abandonaram a praça, por caminhos diferentes, fugindo à invasão (...) Palmeiro foi diretamente a Cruz Alta (...) (p. 388)
Na obra “Genealogia Tropeira – Rio Grande do Sul – séculos XIX e XX”, vol. II, coletânea de material histórico e genealógico organizado por Cláudio Nunes Pereira, 2004 (cf. http://www.genealogiacorrea.com.br/GENTROP7.pdf, acessado a 4/2/2011), encontramos referência a João José Palmeiro (pp 16-17) em trabalho de Moacyr Domingues:
“A GÊNESE DO POVOAMENTO DE CRUZ ALTA II parte"
A 9 de abril do 1812, do seu Acampamento rio Passo do Durasno, sobre a Rio Yi, já a caminho do Paissandú, no encalço de José Artigas, Dom Diogo do Sousa escrevia ao sargento mor (major) João José Palmeiro o seguinte e lacônico ofício:
“V. Mercê terá prevenidos os Milicianos das duas Companhias de Cima do Serra e Vacaria para marcharem ao Distrito de Missões, logo que forem requeridas pelo Coronel Comandante daquela Fronteira; e ali ficarem servindo na presente Campanha debaixo das ordens do mesmo Comandante”.
O sargento-mór Palmeiro comandava um Destacamento do Regimento de Dragões de Rio Pardo no REGISTRO DE SANTA VITORIA, sito à margem esquerda do Rio Pelotas, entre Vacaria e Lajes, conforme ficou dito no artigo intitulado “Vidal José do Pilar, Soldado Dragão”.
Pois esse oficial [deve ser um erro de digitação, oficio, e não oficial – Nota de D. José Palmeiro Mendes] , ao invés de ser remetido pela via de Porto Alegre e Santo Antônio da Patrulha, foi juntado a outro, da mesma data e endereçado ao Coronel Francisco dos Chagas Santos, lá no outro extremo do Capitania, e que a 16 de agosto, quando a intervenção militar na futura Cisplatina estava praticamente terminada, e respondia ao Governador nos seguintes termos:
“A 19 do Maio recebi o ofício de V. Exª. de 9 de Abril, havendo-se demorado 36 dias até chegar a S. Diogo. No mesmo dia 19 expedi por dois Milicianos o que V. Exa. dirigiu ao sargento-mór João José Palmeiro, a quem escrevi, participando-lhe que sem a maior dilação fizesse marchar os Milicianos das duas Companhias de Cima da Serra e Vacaria para esta Fronteira, onde eram sumamente precisos, COM O SOCORRO DE ALGUNS CAVALOS QUE MANDEI A ESTANCIA DA CONCEIÇAO, menos de 40 léguas distante deste Quartel, chegaram aqui 69 Milicianos, incluso o Furriel Comandante Ludovico Leite Ribeiro, que me entregou um oficio do dito sargento-mór, datado do 26 de Junho, em que me diz me remete 99 Milicianos, dos quais tirando os ditos 69, 3 que FICARAM NA MESMA ESTANCIA COM OS CAVALOS e que ficaram demorados por doentes, e estão a chegar, faltam 23, que diz o sobredito Furriel haveram desertado no Caminho. Os que chegaram, parecem bôa gente; mas mui faltos de roupa; estão aprendendo o ofício. O referido sargento-mór me diz, que ficava na diligência de fazer novo recrutamento no fim do Julho para me enviar mais 50 praças”. (...)
A 6 da setembro, uns vinte dias depois, terminada a campanha, Dom Diogo de Souza escrevia a Francisco de Chagas Santos, de seu Quartel-General em Cuñapiru, dizendo à certa altura:
“Quanto aos Milicianos que lhe remeteu o sargento-mór João José Palmeiro convém que V. Mercê os licencie para voltarem às suas casas a avise o mesmo sargento-mór suspenda a marcha dos que ficava aprontando”
Interessante também a participação de João José Palmeiro nos pródromos da Independência. Há uma pequena referência a ele na obra Os Andradas, publicada em 1922 por Alberto Sousa (Typographia Piratininga, São Paulo/SP), volume II:
Segunda parte – Independência ou Morte! – Capítulo I – Após o Fico: obra que está na Internet: cf. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0184z35.htm
Logo depois que lançou às faces de Portugal o seu violento repto de desafio, tratou S. Paulo de se preparar militarmente para as eventualidades que, por acaso, lhe viessem de surpresa do outro lado do Atlântico ou da província do Rio. É assim que o Governo Provisório, nas suas sessões ordinárias de 7 e 14 de janeiro, tomou oportunas providências a respeito. (...)
Pelas 9 horas da noite do dia 17, chegava a S. Paulo, e procurava com urgência entender-se com os membros da Junta Provisória, o capitão de milícias do Rio de Janeiro, Quintiliano José de Moura, trazendo a seguinte carta régia de Sua Alteza o príncipe regente: "Acontecendo que a tropa de Portugal pegasse em armas, e igualmente a desta cidade, por mera desconfiança, dei todas as providências possíveis, e convencionaram os de Portugal passar para a outra banda do Rio, até embarcarem-se para Portugal; e, como por esta medida ficasse a cidade sem tropa necessária para sua guarnição, e mesmo sem com que se defender, no caso de ser atacada; exijo de vós, que sois seguramente amigo do Brasil, da ordem, da união de ambos os hemisférios e da tranqüilidade pública, me mandeis força armada em quantidade, que, não desfalcando a vossa província, ajude esta e se consiga o fim por mim e por vós tão desejado, e exijo com urgência. Escrita no Palácio da Real Quinta da Boa Vista, às 7 horas e meia da noite de 17 de janeiro de 1822. - Príncipe Regente". Carta idêntica, e na mesma data, foi expedida para o Governo Provisional de Minas.
A Junta de S. Paulo, tão depressa tomou conhecimento da ordem de d. Pedro, reuniu em sessão permanente desde 17 de janeiro até 27 de fevereiro, dando providências para a preparação urgente dos recursos militares que lhe eram exigidos sem demora. Determinou, em primeiro lugar, que dentro de 6 dias, isto é, até 23 de janeiro, partisse por terra para a capital do País "a primeira Divisão de um Corpo de 1.100 praças de 1ª e 2ª linha, composto de um Batalhão de Caçadores de 1ª Linha, de um Batalhão de Infantaria de 2ª Linha, e de dois Esquadrões de Cavalaria -sendo um de 1ª linha e outro de 2ª linha", sendo nomeado para seu comandante-chefe o coronel do Regimento de Caçadores da Província, Lázaro José Gonçalves. (...)
Mandou-se preparar a vitualha necessária para alimentação das tropas e os pousos para descanso delas em toda a extensão da estrada para o Rio, de modo que nada de essencial viesse a faltar-lhes em sua penosa marcha forçada. A bagagem foi toda conduzida no lombo de 50 bestas muares que o sargento-mor João José Palmeiro cedeu por empréstimo ao governo, a título absolutamente gratuito, devendo recebê-las de novo na Fazenda de Santa Cruz.”
Mais, foi João José Palmeiro a pessoa que levou a Porto Alegre a notícia da Independência do Brasil em 1822. Relata Alfredo Varela em sua “História da Grande Revolução – o cyclo farroupilha no Brasil” (vol. I, Livraria do Globo 1933, p. 287) que a 4 e 6 de outubro de 1822 chegaram a Porto Alegre as notícias do grito da independência no dia 7 de setembro, e de que estava designado o próximo dia 12 para a aclamação do imperador do Brasil. Os dois portadores das comunicações foram um sobrinho de Francisco Xavier Ferreira (membro do governo da Capitania de São Pedro do Rio Grande nomeado para ir ao Rio de Janeiro expor verbalmente ao príncipe Dom Pedro os sentimentos públicos de apoio já expressos em manifestações anteriores de firme adesão) e um senhor Palmeiro,andaram carregados em braços, pelos “entusiasmados cidadãos da capital” (...)”.
Uma outra obra (de que não identificamos no momento o autor), é mais explícita: “Foi em 4 de outubro de 1822 que Porto Alegre soube pela primeira vez dos sucessos de 7 de setembro no Ipiranga, por intermédio de um sobrinho de Francisco Xavier Ferreira. Dois dias depois chegaram as noticias oficiais por intermédio do coronel João José Palmeiro, que também trouxe as instruções para a aclamação do novo Imperador. Ambos foram carregados nos braços pelos “entusiasmados cidadãos da capital”. Os trabalhos pró-aclamação parece que foram propalados pelas câmaras pelo emissário do grupo monarquista luso-estrangeiro, comendador João Rodrigues Ribas, segundo informes de Alfredo Rodrigues” (p. 176).
Alguns acréscimos biográficos
Pesquisas que pudemos fazer ultimamente nos trouxeram
algumas informações inéditas acerca da vida do Coronel João José Palmeiro.
Vamos
transcrever abaixo alguns documentos que se referem a ele e que se encontram no
Arquivo Histórico Ultramarino, em
Lisboa. Existem cópias microfilmadas e digitalizadas destes documentos no
Brasil, graças ao chamado Projeto Resgate Barão do Rio Branco, iniciativa do
Ministério da Cultura. Tomamos conhecimento deles pelo “Catálogo de Documentos
Manuscritos Avulsos referentes à Capitania do Rio Grande do Sul existentes no
Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa”, de Ana Regina Berwanger, Helen Osório e
Susana de Souza (Porto Alegre, Instituto
de Filosofia e Ciências Humanas da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CORAG-Companhia Rio-grandense de
Artes Gráficas, 2001). Encontramos estes microfilmes no Arquivo Histórico do
Rio Grande do Sul - outras cópias dos mesmos microfilmes estão no Departamento
de História do IFCH/UFRGS). A
transcrição paleográfica dos documentos obtidos foi feita gentilmente para nós
por Vanessa Gomes de Campos, autoridade na área., trabalhando no Arquivo da
Cúria Metropolitana de Porto Alegre e também no Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Sul.
Estes documentos
aumentam um pouco o nosso conhecimento sobre João José Palmeiro. Ele, jovem
segundo-tenente da Armada Real Portuguesa, estava em 1800 há quatro anos neste
posto e em serviço a bordo do bergantim “Hércules”, que integrou uma expedição
ao Rio Grande de São Pedro. Esta expedição, ao que parece, teve o objetivo de
proteger as embarcações de comércio. Na época um problema sério no Rio Grande
era o contrabando. A propósito desta expedição, há uma referência a ela e aos
bergantins “Invenção” e “Hércules” no “Inventario de todos os papéis officiais
que por óbito do tenente general Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara,
governador do continente do Rio Grande do Sul, ficaram a cargo do sargento-mór
ajudante d´ordens José Ignácio da Silva”: é o documento de nº 162: “Idem (um
officio datado) de 22 de fevereiro de 1799 “Annunciando a volta ao Rio Grande do bergantim Invencível, com o
fim de proteger as embarcações de commercio, e de se unir ao bergantim
Hercules, com o que se conseguiria guarnecer as barcas que já se suppunham
construídas” (cf. “Revista do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro”, 2ª série, tomo IV, Rio de Janeiro,1848, p.
473).
João José envia um
requerimento (data não especificada, mas deve ser 1800 ou 1801, foi seu
procurador em Lisboa José do Patrocínio Palmeiro, obviamente um seu parente )
ao então Príncipe Regente (o futuro D. João VI), solicitando transferência para
o Exército, no posto de capitão do Regimento dos Dragões (arma da Cavalaria,
dizemos hoje). O motivo alegado não é o casamento com Maria Josefa da Fontoura,
como dissemos acima, baseados na “Genealogia Rio-Grandense”, de João Pinto da
Fonseca Guimarães e Jorge Godofredo Felizardo, que deve recolher uma tradição
familiar. Este motivo familiar e íntimo é ignorado. Diz sim que está persuadido
de poder servir mais o Príncipe pelos seus conhecimentos militares e também por
sua “inteligência de agricultura”, para o que tem grande inclinação e bastante
experiência. O argumento foi bom, tanto que o despacho positivo à sua pretensão
diz: “S.A.R. foi servido ordenar que se lavrasse um Decreto nomeando este
Oficial da Marinha para Capitão do Regimento de Dragões da Capitania do Rio
Grande, visto ele se propor de fazer também algum estabelecimento de
agricultura útil na mesma Capitania”. De
fato, terá sido também ele proprietário rural durante a sua vida? Nada sabemos.
Ao requerimento, solicitando a passagem para o Exército,
foram anexadas duas cartas de recomendação. Uma, de 20 de março de 1800, de
Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, Tenente General do Exército de
Portugal e Governador do Rio Grande de São Pedro. Atesta que João José Palmeiro
tem dado bastantes provas de seu zelo, préstimo e atividade no decurso dos dois
anos em que se acha debaixo de suas ordens. Cita expressamente um fato: tendo
sido nomeado por seu Comandante para dirigir e aplicar a construção de quatro
barcaças canhoneiras, que se construíram em Porto Alegre, para reforçar a
expedição, satisfez tal diligência dentro do tempo possível, com todo o acerto
e prudência. Pensa, enfim, que por seu louvável comportamento, o 2° tenente
João José Palmeiro se faz digno e merecedor das honras e mercês que Dom João
quiser conferir-lhe. A outra carta de recomendação, de 22 de outubro de 1800, é
do próprio Comandante (desde 1797) da Expedição do Rio Grande, Henrique da
Fonseca Souza, Fidalgo da Casa Real e Capitão de Mar e Guerra da Armada
Portuguesa. Diz que João José Palmeiro tem se conduzido com honra, atividade,
zelo e subordinação, mostrando uma exemplar conduta e aplicação. Do mesmo
Capitão Henrique da Fonseca Souza é anexada uma correspondência a João José, de
23 de dezembro de 1798, tratando das mencionadas barcas. “Os excessivos elogios
que ouvi fazer-lhe o Exmo. Senhor General não me surpreenderam, porque há muito
tempo que o conheço e nada menos devia esperar”
Enfim, o Príncipe Regente, a 18 de junho de 1801, por
Decreto nomeia João José Palmeiro Capitão do Regimento de Dragões da Capitania
do Rio Grande de São Pedro.
Outro documento
sobre João José Palmeiro conservado no Arquivo Histórico Ultramarino é o
requerimento do mesmo ao Príncipe Regente,
em 1802, solicitando licença para ir a Portugal por dois anos, para
fazer inventário dos bens de seus pais. O despacho, a 12 de novembro de 1802,
foi de que devia juntar documento comprovando a verdade do que alegava. Fica-se
sem saber a continuação do episódio. Terá recebido licença? Foi a Portugal?
Outros
documentos que localizamos relativos a João José Palmeiro estão no Arquivo Histórico do Exército, no Rio
de Janeiro. Devemos igualmente a Vanessa Gomes de Campos a transcrição paleográfica dos textos.
O primeiro
documento [fl. 1], de 14 de dezembro de 1819, é um requerimento de João José
Palmeiro, então Sargento-Mor (o equivalente hoje de Major) do Regimento de
Dragões da Capitania do Rio Grande de São Pedro, dirigido agora ao já Rei de
Portugal, D. João VI, em que apresenta um pouco o seu currículo. Informa que o
serve desde 4 de novembro de 1794, quando assentou Praça de Aspirante de Guarda
Marinha e que em todo o tempo se conduziu com sumo zelo, fidelidade e préstimo.
Em 1797 embarcou no Posto de 2° Tenente
no bergantim “Hércules”, mandado à Capítania do Rio Grande de S. Pedro, quando
a fronteira achava-se ameaçada. Conta que ali foi encarregado pelo Governador
da construção de dois Barcos Canhoneiros, que se construíram em Porto Alegre
para reforço da Barra do Rio Grande, desempenhando esta comissão sem que
vexasse a população. Promovido ao posto de Capitão do Regimento dos Dragões,
comandou a 4ª Companhia, destacada na Fronteira do Rio Grande e igualmente as
Guardas de Taim e Albardão. Conservou o sossego das populações e a boa harmonia
com as Guardas Espanholas, com quem os portugueses confinam. Mandado em 1805
comandar a Freguesia e Registro de Santo Antonio da Patrulha, se conduziu com o
mesmo zelo, fidelidade e préstimo, não só mantendo as populações em paz e boa
inteligência, mas também vedando o extravio dos Reais Direitos e igualmente o
trânsito dos desertores e facínoras. Tendo se oferecido para marchar para a
campanha, não foi aceito tal oferecimento, por ser julgada necessária a sua
presença na Fronteira e Guarda de Santa Vitória, que está comandando há nove
anos. Tudo isto era para solicitar no final a nomeação como Ajudante de Ordens
do Governador de São Paulo, ficando adido ao Estado Maior do Exército lá.
Contudo não conseguiu o que pedia, eis que despacho de 14 de dezembro de 1819,
dizia não ter lugar a solicitação, não havendo lugares vagos para Ajudantes de
Ordens e mencionando a despesa que tal nomeação acarretaria.
Notemos que o documento de fl. 3 é um parecer negativo às
idênticas pretensões tanto do Sargento Mór João José Palmeiro como de Antonio
Xavier de Souza Saião, Coronel graduado da Brigada Real da Marinha (este vai
morrer em 1836 como brigadeiro) . Não está claro no texto do documento o cargo
do autor, João Carlos Augusto de
Oyenhausen e quem é a pessoa a que se dirige, Thomaz Antonio de Villanova
Portugal, nome que vai aparecer também em outros documentos. De fato, Thomaz
Antonio de Villanova Portugal, era o
Ministro da Guerra (figura proeminente do governo português no reinado de D.
João VI, ele reuniu sob a sua direção os Ministérios do Reino, da Fazenda, dos
Negócios Estrangeiros e da Guerra e transitoriamente da Marinha). O documento é
assinado por João Carlos Augusto de Oyenhausen, o futuro marquês de Aracati,
que na época era governador da Província de São Paulo (vai deixar o Brasil
depois da abdicação de D. Pedro I, de quem era amigo pessoal, retomando à
cidadania portuguesa, e vai morrer em 1838 como governador de Moçambique). A
propósito dos nomes que aparecem nos documentos, notemos aquele de fl. 6.
Manoel Marques de Souza (será o 2º do nome, ilustre militar e pai do conde de
Porto Alegre, que tinha também o mesmo nome? ) informa o Ministro da Guerra
Thomas Antonio de Villanova que João José Palmeiro tinha partido da Capitania do Rio Grande para
a Corte (Rio de Janeiro), encarregado pelo Conde de Figueira de uma diligência
do Real Serviço. O Conde de Figueira (título concedido pelo Príncipe Regente em
1810), Dom José Maria Rita de Castelo-Branco Correia da Cunha Vasconcelos e
Sousa, era o governador e capitão-general do Rio Grande do Sul.
João José
insiste no ano de 1820 [fl. 10], querendo ser promovido a Tenente-Coronel e ser
Ajudante de Ordens do Governo de S. Paulo. Alega seus bons serviços e também a
idade. Informava que tinha deixado o posto de Comandante do Registo de Santa
Vitória – outro foi nomeado em seu lugar -
tendo antes comandado a Vila e Registo de Santo Antonio da Patrulha. Diz
não ter condições de ir servir no seu Regimento de Dragões, onde os oficiais,
que eram subalternos, são agora superiores, talvez porque ele estivessse no
serviço do Regimento, mas sempre empregado em Comissões. Tal pedido foi negado
como no ano anterior e pelos mesmo
motivos, ou seja, não havia vaga.
Outro documento é o requerimento, de 1820 [fl. 4], de João José
Palmeiro, há anos no Registro de Santa
Vitória, nos confins da Capitania de São Pedro
(cargo que, ao que parece,
acabara de deixar – o especial trabalho ali era examinar e verificar os
despachos das tropas de gado e de cavalo [fl, 9] ), solicitando três meses de
licença para ir ao Rio de Janeiro tratar de negócios particulares. Tal licença
foi concedida a 6 de dezembro de 1820 [fl. 5].
Documento de 21 de outubro de 1820 [fl. 6], dá uma informação
complementar: João José Palmeiro nesta data já tinha partido para o Rio de
Janeiro, mas aí consta como encarregado de “uma diligência do Real Serviço”
pelo Conde de Figueira, governador do Rio Grande do Sul. Tem-se a impressão que
ele foi à Corte a serviço, querendo depois lá permanecer com uma licença de
três meses.
Será desta ocasião o requerimento
que faz [fl. 12], estando no Rio de Janeiro, “em diligência de serviço”?
Informa que lhe são devidos seus soldos de perto de cinco anos. Requer, por
isso, ao Príncipe Regente de lhe mandar pagar alguns meses a fim de poder
voltar a sua Capitania e Regimento. O despacho parece ser, ainda que as linhas
estejam riscadas: “Pague-se gêneros, e o
mais cobrará na sua Província”
Não deixa de ser interessante um requerimento sem data [fl. 15], mas que
tudo indica ser de 1822, antes do 7 de setembro, pois dirige sua solicitação a Sua Alteza Real – naturalmente o Príncipe
Regente, o futuro D. Pedro I. João José está novamente no Corte, ou seja, no
Rio de Janeiro. Lá foi conduzindo uma
tropa de cavalos e burros vindos do Rio Grande. Alguns “trastes” pertencentes a
Fazenda Nacional, necessários para o transporte dos animais, os entregou na
Real Fazenda de Santa Cruz, junto com a tropa. Posteriormente se deu conta que
os referidos “trastes” deveriam ser devolvidos no Rio Grande e não no Rio de
Janeiro, razão pela qual solicita sua devolução. Que “trastes” eram estes?
Possivelmente são os mencionados no documento de 28 de abril de 1822 [fl, 11],
emanado da Fazenda da Santa Cruz: uma barraca, barraquim e varanda, um machado
e uma marca (de que consta o desenho).
Num outro ofício [fl. 13 e fl. 14] – sempre dirigido ao Príncipe Regente - volta João José Palmeiro,
ainda Sargento Mór do Regimento de Dragões da Província de S. Pedro, a
solicitar sua promoção. Lembra que tinha requerido o Posto de Tenente coronel
vago de seu Regimento, e que seu requerimento tinha ido para consulta ao Conselho
Supremo Militar. Constando, porém, que se acha vago o Posto de Coronel do 4º
Regimento de Cavalaria de Milícias de sua Província, pede tal posto e também o
comando dos Povos das Missões. Decreto para o 4º Batalhão de Milícias foi
lavrado a 8 de novembro de 1822. Ambas as pretensões foram concedidas logo
depois da Independência. Decreto transferindo João José para o 4º Batalhão de
Milícias é de 8 de novembro de 1822. O Decreto para Comandante das Missões é de 29 de novembro do mesmo ano.
Os documentos referentes a João José
Palmeiro pulam então, de 1822 para 1828. Já Coronel, ele envia [fl. 16] ao
Coronel Intendente e Vedor das Tropas , Vicente Ferrer da Silva Freire,
solicitação no sentido que o Escrivão da
Vedoria das Tropas da Província do Rio Grande lhe passe uma Certidão do
seu currículo militar: o tempo em que de Tenente da Marinha passou para Capitão
do Regimento de Dragões da Província e os mais postos que teve, até o em que se
achava no momento, de Coronel de 2ª Linha do Regimento de Cavalaria, declarando
os seus respectivos assentamentos, diplomas e serviços. Teve seu pedido
atendido por despacho de 6 de março.
Temos então um documento [fl. 16v, fl. 17], que é como que um resumo da vida do Coronel João
José Palmeiro:
- ele veio para a Província do Rio
Grande a 2 de maio de 1802, no posto de Capitão Agregado ao Regimento de
Dragões (que em 1828 já tinha o nome de 5º
Regimento de Cavalaria), para o
que foi nomeado por Patente Régia de 10 de setembro de 1801. Era Tenente da
Armada, quando passou para o dito Posto de Capitão. Não era sabido o dia em que
fora nomeado Tenente, mas consta que sentara Praça de Aspirante Guarda Marinha
a 4 de novembro de 1794;
- passou a comandar a 5ª Companhia
do Regimento de Dragões por portaria do governo de 26 de novembro de 1806;
- promovido ao posto de Sargento Mór
efetivo do referido Regimento, por decreto de 4 de novembro de 1818;
- passou a Coronel do Regimento de
Cavalaria Ligeira de 2ª Linha nº 24, por decreto de 8 de novembro de 1822.
- sendo Capitão, foi mandado
comandar a Guarda e Registo de Santa Vitória, onde se conservou até quando foi
despachado no Posto que estava, de Coronel. Ignora-se positivamente o tempo que
durou este Destacamento, por não haver Notas em seus assentamentos com tal
informação.
-
por decreto de 29 de novembro de
1822 foi nomeado Comandante de Missões, sendo dispensado de tal Comando
por Portaria da Secretaria de Estado da Guerra, de 3 de junho de 1826,
realizando a entrega do dito Comando a 11 de outubro do mesmo ano;
- foi restituído ao Comando do seu
Regimento a 24 de julho de 1827, tendo regressado da Corte (Rio de Janeiro).
Nos seus assentamentos, diz a
Certidão, não se acha Nota alguma que lhe seja prejudicial. O documento é
assinado por Francisco de Paula Monteverde, Cavaleiro da Ordem de Cristo,
Condecorado com o Distintivo das Campanhas do Exército Pacificador, o qual era
o Escrivão da Vedoria das Tropas do Rio Grande do Sul. Foi assinado em Porto
Alegre a 7 de março de 1828.
Em conseqüência de ordens de D. Pedro I seguiu o Cel. João José Palmeiro
em 1829, possivelmente em maio, para a Corte do Rio de Janeiro, em companhia de
dois escravos, Antonio e Francisco. Em documento, com data de 2 de maio [fl.
20], se ordena que nos Registos e Fortalezas da Barra desta Província, se lhe
não ponha embaraço a sua viagem. Ora, no Rio de Janeiro, João José ficou
doente. Pode parecer a primeira vista estranho entre estes documentos todos, o
atestado de 13 de julho de 1829 [fl. 18] do cirurgião do Rio de Janeiro João
Alves Carneiro. Informa que tratou o Coronel João José Palmeiro de uma infecção
reumática, que lhe atacou a articulação da mandíbula inferior pelo lado
esquerdo e nuca. Isto incomodou bastante a João José , que ainda queixa-se,
embora com menos intensidade. Verifica-se, enfim, que seu estado de saúde não é
bom. Lembre-se que está com 55 anos.
Poucos meses depois, o Cel. João José, tendo que regressar a sua Província solicita ao Imperador o devido despacho [fl.
19], querendo levar consigo o filho – curioso, o documento diz que o filho
chama-se Daniel José Palmeiro... mas deve ser
João José – e um escravo do mesmo, assim como dois escravos seus. O
parecer, de 31 de outubro de 1829, foi favorável.
Terá João José Palmeiro voltado logo ao Rio Grande ou ainda demorou-se
no Rio de Janeiro doente? O último
documento do Arquivo do Exército sobre ele é, ao que tudo indica, de poucas
semanas após o que acabemos de mencionar, pedindo permissão para voltar à
Província de S. Pedro. Tendo ou não viajado, seu estado de saúde deve ter
piorado, e ele então pede reforma ao Imperador [fl, 21]. “O Suplicante em todo
o dito tempo não se tem poupado a todas as fadigas da vida militar, até o
presente, tendo acabado de fazer, além de outras, a próxima passada Campanha na
dita Província (do Rio Grande do Sul), com aquela coragem e intrepidez própria
do seu ânimo, sempre obediente a seus Superiores”. “Já cansado dos trabalhos de
uma vida tão laboriosa, na qual nunca se escusou, e mesmo de Comandar e
defender os pontos mais perigosos”. Pede, então, uma graça a D. Pedro I: a de o
reformar no posto de Brigadeiro (o equivalente hoje a General de Brigada), por
ter servido 28 anos na 1ª Linha até Sargento-Mor. Mas mesmo que o soberano não
anuir a este seu pedido, pede a reforma mesmo no posto de Coronel, “que não
pode continuar no serviço pelos seus anos e moléstias que sofre, como consta de
Atestação junta, que atualmente o impossibilita de todo o exercício”. À margem deste documento consta a resposta
governamental: “Reformado – Lavrou-se Decreto em 18 de outubro de 1829 – N 911
– Passe em 3 de novembro de 1829”. Nenhuma palavra sobre o pedido de promoção a
Brigadeiro. O fato é que o Cel. João
José Palmeiro teve muito pouco tempo de vida após a reforma: faleceu logo no
início do ano seguinte, a 2 de março de 1830.
TRANSCRIÇÃO
PALEOGRÁFICA
Documentos do
Coronel
JOÃO JOSÉ
PALMEIRO
Oriundos do
Arquivo
Histórico Ultramarino
Arquivo
Histórico do Exército
œ œ œ œ œ
Trabalho realizado por
Vanessa Gomes de Campos
Porto Alegre – RS
(51)
9957 9144
œ œ œ œ œ
Porto Alegre, setembro de 2012.
Considerações
Técnicas
A Paleografia é um dos principais instrumentos de leitura, pois fornece
mecanismos para ler e decifrar os signos gráficos (letras, palavras, frases,
sinais complementares) até se chegar ao seu sentido mais elementar e simples.
Podemos dizer que a Paleografia é o meio facilitador do acesso ao documento.
Do mesmo modo, a Paleografia é também fonte de
conhecimento histórico, pois através dela é possível aproximar-se com mais
precisão ao conteúdo original do documento, sobretudo àqueles não
familiarizados com o tipo de escrita. A objetividade e a integridade no
trabalho de transcrição paleográfica são condições imprescindíveis de sua
realização. Em vista disso, os trabalhos de transcrição paleográfica que
apresento seguem as Normas Técnicas
Brasileiras de Transcrição Paleográfica.
O primeiro elemento a ser destacado
refere-se à apresentação e à grafia: elas permanecem como é o
documento. Os despachos estão colocados em fonte menor que o restante do texto.
Além disso, destaco as seguintes
convenções previstas nas Normas e utilizadas:
Ø
[fl. ] como
as folhas não estão numeradas, inclui o número atribuído à folha para facilitar
a organização. Esse procedimento foi feito na documentação do Arquivo Histórico
do Exército. Indica-se tanto a frente da folha como seu verso: [fl. 1],
[fl.1v] O fato de estar sublinhado significa o número ter sido
atribuído.
Ø
sublinhado para todas as letras acrescentadas na
transcrição paleográfica (desdobramento das abreviaturas), assim como em todas
as assinaturas;
Ø
[sic] quando o erro e/ou incompreensão são
autógrafos;
Ø
< > para
informações marginais e não autógrafas;
Ø
[ ?] quando
ocorre dúvida na leitura paleográfica.
Era
usual a utilização dos seguintes sinais, que significam “ponto final”:
/. ou ./.
Os
documentos trabalhados foram retirados, conforme o acervo de origem:
- Arquivo Histórico Ultramarino: das cópias microfilmadas e
digitalizadas no Projeto Resgate Barão do Rio Branco;
- Arquivo Histórico do Exército: da cópia digital fornecida.



Arquivo Histórico Ultramarino
Requerimento do segundo tenente da Armada Real, em serviço
no bergantim Hércules, na expedição do Rio Grande de São Pedro, João José
Palmeiro, ao príncipe regente [D. João], solicitando promoção ao posto de
capitão do Regimento de Dragões do Rio Grande de São Pedro.
Sua
Alteza Real foi servido
ordenar, que
se lavrasse
hum
Decreto nomeando este
Oficial
<da Marinha> para Capitão do
Regimento
de Dragoens do
Rio Grande,
visto elle
se propôr
de fazer tambem
algum
estabelecimento de Agricultura
util na
mesma Capitania
Lavrou-se Decreto
em 18 de Nº 17
Junho de 1801.//.
Senhor
Diz João Joze Palmeiro Se-
gundo Tenente da Armada Real da Marinha
que ele tem a honra de Servir a Vossa Alteza
Real á qua-
tro annos do dito posto e a Bordo do
Bergantim Hercules
que pertence á Expedição do Rio Grande de São Pedro;
e Em todas as expediçoens, a que tem sido mandado pelos
seus Superiores, tem mostrado Sempre o maior Zelo, honra
e fidelidade no Real Serviço, como Se mostra das attesta-
çoens juntas. Porem o Suplicante se persuade pode
fazer maiores
Serviços a Vossa Alteza Real sendo despachado
em Capitam do Re-
gimento dos Dragoens da Capitania do Rio Grande, não
so pelos Seos conhecimentos militares; mas tãobem pela
sua inteligencia de Agricultura para o que o Suplicante
tem
hῦa
grande inclinação; e bastante Experiencia: portanto
Pede a Vossa Alteza
Real
seja Servido despachar ao Suplicante
em Capitam do Regimento dos Dra-
goens da Capitania do Rio –
Grande de São Pedro
D. Joze do Patrocinio Palmeiro
Como
Procurador. Espera Receber Merce
Sebastião
Xavier da Veiga Cabral da Camara, Tenente General dos –
Exercitos
de Sua Alteza Real, e Governador do Rio Grande de São
Pedro.
Atesto que o 2º Tenente do Mar João Joze Palmeiro, hum
dos Officiaes de que se compoem a Expedição Naval que guar-
nece o Porto deste Continente da qual he Commandante
o Ca-
pitão de Mar e Guerra Henrique da Fonceca e Souza, tem
dado bastantes provas do seu zelo, prestimo e actividade
para
o Real Serviço no decurso de mais de dous annoz que se acha
debaixo das minhas Ordens; e sendo nomeado pelo seu dito
Commandante para dirigir, e aplicar a factura de
quatro Bar
cas Canhoneiras, que se construirão na Villa de Porto
Alegre
com o destino de reforsar a referida Expedição satisfez
esta im
portante diligencia dentro do tempo possivel com todo o
acer
to, e prudencia; conseguindo, apesar da falta de generos
nos –
Armazens Reaes daquela Villa, fornecer as ditas Barcas Ca
nhoneiras do massame precizo, tirando-o dos particulares da
mesma Villa sem vexame, ou violencia praticada com estes;
por tudo o que, e pelo seu louvavel comportamento se faz
dig
no, e merecedor das honras e mercez que Sua Alteza Real
for Servido conferirlhe. E por me-ser pedida mandei pas-
sar a Prezente por mim assignada, e Selada com o Sinete
das minhas Armas. Villa de São Pedro do Rio
Grande 20 de
Março de 1800
Sebastião Xavier
da Veiga Cabrál de Camara
[sinete]
Henrique
da Fonceca Souza, Fidalgo da Caza de
Sua Alteza
Real, Capitão de Mar e Guerra da
Sua Armada,
Commandante da Expedição do Rio Grande
&ra.[1]
Atesto que sendo me Confe=
rido, no ano de mil, e setesentos noventa e sete,
o Commando dos Bergantins, de Sua Alteza
Real, Herculles e Jnvencivel, para bordo do pri=
meiro, em que me acho embarcado, foy nomeado, o =
Segundo Tenente do Mar, João Joze Palmeiro, o =
qual the o prezente, setem empregado no Real
Servisso do mesmo Senhor, com honra, actividade,
Zello e Soubordinação, mostrando huma exemp=
plar conduta, e aplicação que o distingue, e por
tudo o Referido ser verdade, e ser=me pedida a
prezente lha mandei passar, e asignei. Bordo
do Sobredito Bergantim Surto[2]
no Rio Grande
de São Pedro do Sul 22 de outubro de 1800
Henrique da
Fonceca Souza
Os excecivos elogios que ouvi fazer=lhe[3]
o Exmo. Senhor General não me sorprenderão porque a
muito
tempo que o conheço, e nada menos devia esperar.
Todas as providencias que tem dado
a Respeito da concluzão das Barcas de que setrata, são
tais quaes eu daria se ahi meachace, sentirei que ellas
não vão ao mar neste mez, porem contentome com a
a boa deligencia que sei se ha de fazer.
A plantaforma [sic][4]
para a Pessa de
Artelharia, deve ser avante de sorte que a boca da dita
fique a rasgar com a Roda de prôa; he verdade que o =
melhor lugar para Colocar=se a dita plantaforma, se=
ria o Centro do navio, lugar de major delle, porem en=
tão não ficaria espaço para a marinhage poder Remár
e asim devemos atender a huma, e outra Coiza.
Enquanto ao Reparo que pede
o Senhor Coronel Rocio, não o envio porque sendo de
Artelharia
de bater para nada pode servir, e portanto só Remeto
hum modello das Carretas que para as ditas Barcas
se adoctarão ultimamente em Lisboa, depois de
alguma experiencias, queira apresentalo ao dito Senhor
o qual o se emplificará, ou comporá como melhor lhe
parecer.
Estou anciozo pella resposta dos
Dos Officios que Remeti aos Exmos. Senhores
Vice=Reÿ, e Vice=Almirante pedindo=lhe tudo quanto
constava da Relação que vossa merce me
enviou, porem cazo
que as Barcas se achem em estado de hir ao mar
antes de chegarem os pedidos generos, vossa merce
fará tornar as
Sumacas que ahi se acharem, alguns Ancorotes
a Titulo de emprestimo, e o mesmo fará com os
virado=
res de piásaba; visto que ahi os há, pellos quais
sedará dispois a seu dono, outros dos que se esperão
ou mandar=se=lheão pagar pello que corem.
A barca Furia torna a hir
para esse Porto, para Calafetar, e acabar = de pre=
parar=se.
Queira da minha parte enti=
mar ao Almoxarife Joze Estacio Brandão que tendo eu
tratado com o Exmo. Senhor Tenente General
Governador, sobre
o voluntario emprestimo de dinheiro, que o dito tem
feito para pagamento das Ferias dos Offeciaes que
trabalhão nas Barcas Canhoneiras, merecendo a
sua generozidade, que sede emquanto antes todas
as providencias, a fim de que elle fique embolçado
da dita quantia, o avizo para que nomeie no Rio
de Janeiro um procurador, a quem deve remeter
todas as Rellaçoens que tem pago, vindo primeiro
Primeiro aSignar Por mim.
Os
paus que ahi seachão des=
tinados a hir para o Rio de Janeiro, queira remeter=
mos pellas primeiras embarcaçoens não continuo
a recomendar=lhe a actividade que requerem todas
essas dispoziçoens, porque conheço nada sedescuida
dos seus deveres: Deos Guarde a vossa merce muitos
annos
Bordo do Bergantim Herculles Surto no
Porto do Rio Grande 23 de dezembro de 1798
P.S.
Remeto
todas as rellacoens das
ferias que
se achão em meu po=
der as quaes
tornará depois a
remeter
juntas com as que já
por mim aSignadas
se achão =
na sua mão
vindo todas nume=
radas pella
sua Ordem.
Senhor
João Joze Palmeiro
Segundo
Tenente do Mar
Henrique da
Fonceca Souza
Cappitam de Mar e Guerra Commandante
da Espediçam do Rio Grande
Cumprasse
e Registe-se. Lixboa 3 de Agosto de 1801
[4 rubricas]
2 vias
2400 Lixboa em 17 de agosto de
1801.
Vianna
Expedida
por duas vias.
Em 10 de Setembro
de 1801.
Registada a folhas 71
Hei por
bem fazer Mercê ao Segundo Tenente da Minha Ar=
mada Real,
João Jozé Palmeiro, de o nomear Capitão do Re=
gimento de
Dragoens da Capitania do Rio Grande de São
Pedro. O
Conselho Ultramarino o tenha assim entendido,
e lhe mande
passar os Despachos necessarios. Palacio
de
Queluz, em
dezoito de junho de mil oitocentos e hum./.
[assinatura
de D. João VI]
Registado
a folhas 367
Nº 31
[2] Surto: aportado, chegado ao porto,
ancorado, seguro ao fundo. (BLUTEAU, 1712; MORAES SILVA, 1789)
Arquivo Histórico Ultramarino
Requerimento do capitão de dragões do Rio Grande de São
Pedro, João José Palmeiro, ao príncipe regente [D. João], solicitando licença
para ir ao reino, por dois anos, para fazer inventário dos bens de seus pais.
Junte
documento por onde comprove [estampilha,
40 réis] a verdade do Senhor
que
alega. Lixboa 12 de Novembro de
1802
[5
rubricas]
Diz João Joze Palmeiro que tendo a onra de estar
empoçado no Serviço de Vossa Alteza Real em Capitam
de Dra
goens no Rio Grande sem ter nota alguma e Sem
ter pedido licença. E porque actualmente se acha
Citada Sua May para fazer inventario dos bens
de seu Cazal, e o Suplicante se vê por isso em Urgente
neces
sidade de vir ao Reyno e o não poder fazer sem licen-
ça de Vossa Alteza Real Por isso
Pede a Vossa Alteza Real
Seja Servido conceder ao Suplicante
licença para vir ao Reyno por tempo de
dois annos em atenção a tão justas circuns=
tancias.
Joze de Souza Baldoino
Arquivo Histórico do Exército

[fl. 1][1]
Não
tem lugar porque não ha lugares vagos
[para?]
Ajudantes de Ordens – Senhor
Rio
14 de Dezembro de 1819 ./.
Diz João Joze
Palmeiro Sargento Mór do Regimento de =
Dragoens
da Capitania do Rio Grande de S. Pedro do Sul, que el=
le tem a
honrra de Servir Vossa Majestade, desde 4 de Novembro
de 1794,
em que volumptariamente sentou Praça de Anspirante
Guarda
Marinha, como Consta do Documento Nº 1º, e em todo este
tempo, se
há conduzido com sumo Zelo, Fedilidade, e prestimo,
Occupando
em 1797 o Posto de 2º Tenente, embarcou no Ber=
gantim Hercules,
Mandado á ditta Capitania, quando a Sua
Fronteira axava-se
ameaçada, e ali, encarregado pello Gover=
nador da
factura dos Barcos Canhoneiros, que se construirão em =
Porto
Alegre, para reforço da Barra do Rio Grande, dezempe=
nhando
esta Comissão sem que vexasse os Povos, o que consta dos
documentos
Nº 2º e 3º. Promovido finalmente ao Posto de Ca=
pitão do
Regimento em que ora serve, Commandou a 4ª Com=
panhia,
que axava-se destacada na Fronteira do
Rio Grande,
e igualmente
as Guardas de Tahim, e Albardão, Conçervando o
Sucçego
dos Povos, e boa armonia com as Guardas Espanholas, -
com quem
os Portuguezes confinarão: Mandado em 1805 Com=
mandar a
Freguezia, e Registo de Santo Antonio da Patrulha,
se
conduzio com o mesmo Zelo, Fedilidade, e prestimo, não só, m=
mantendo
os Povos em paz e boa inteligencia, maz tãobem ve=
dando o
extravio dos Reás Direitos, e igualmente, o tranzito
dos
Dezertores, e facinorozos, o que tudo Consta dos documentos
Nº 2º 4º
5º e 6º, verificando-se do de Nº 7º que ofereceo-se para
marxar
para a campanha, e que lhe não fora acçeito o seo offe[re=]
cimento, por
julgar-se necessaria a sua prezença, e vantajem aos
Regios
Interesses, na Fronteira e Guarda de Santa Victoria, que
está Comandando
há nove annos: E porque havendo Servido com
tanta
distinção, se fassa digno da Augusta Consideração de
Vossa
Majestade, de quem hé proprio Attender aos Vassallos
que bem
servem, humildemente Supplica, que não tanto em
attenção
aos Serviços e postos, quanto por effeitos de Sua
[fl. 1v][2]
de Sua
Alta e Real Munificençia, Seja Vossa Magestade Ser=
vido,
Fazer-lhe a Graça de o Despachar Ajudante de Ordens do Go-
verno de São
Paulo, ficando addido ao Estado Maior do Exercito,
em o mesmo
Porto.
Pede a Vossa Magestade
se Digne de Fazer ao Supplicante,
a Graça a que aspira.
Como Procurador Quintiliano
[ponta da folha está dobrada]
Espera
Receber Merce
[fl. 2][3]
Recebÿ os
documentos juntos deste Requerimento
Rio de
Janeiro 10 de Janeiro de 1820 ./.
Como
Procurador = Antonio Joze Ribeiro Freire.
[fl. 3][4]
Nº 73 Ilustrissimo.e Excelentissimo.Senhor
Por Avisos
Regios de 6, e 13 de Outubro ultimo foi Sua Ma
gestade Servido
Mandar-me informar com o meu parecer
os
Requerimentos incluzos, do Sargento mór do Regimento de –
Dragoens
da Capitania de São Pedro do Sul João Jozê Pal-
meiro, e
Antonio Xavier de Souza Saião Coronel graduado da
Brigada
Real da Marinha, os quais ambos pedem serem
Ajudantes
das Ordens deste Governo, o primeiro na mesma Pa-
tente, e o
segundo com a effectividade do Posto de Coronel.
Não
conhecendo-me alguns destes Officiaes nada posso
informar
sobre seus merecimentos pessôaes, e creio que ambos, o –
tem
a vista dos Documentos, que appresentão, só posso infor-
mar
sobre o que respeita ás circunstancias do Estado maior
deste
Quartel General, e então repito o mesmo, que já dice quan-
do
no meu Officio Nº 43, de 14 de 7bro.[5] deste
anno, informei o –
Requerimento
do Tenente Coronel Jozê Pedro Galvão de Mou-
ra,
e Lacerda, e hé que se achão aqui sinco Ajudantes d’Ordens
effectivos,
sinco Officiaes ás Ordens, fazendo-se com elles huma
grande
despeza à Real Fazenda, quando sempre foi estillo
antigamente
haverem só dois Ajudantes d’Ordens.
Ora
todos elles felizmente servem muito bem, como pare-
ce, que.
os sinco Officiaes addidos á este Quartel General tem hum
direito a
irem entrando na effectividade de Ajudantes
d’Ordens
quando forem vagando os effectivos, o que não se –
poderá já mais
verificar se for se augmentando o numero
deles com
Officiaes entrados de fora.
Talvez
elles requeirão servirem nesta Capitania; por
que por óra
se paga effectivamente a Folha Militar, po-
rem hῦa
vez, que as despezas vão crescendo, hão de todos
ter não
pequenas faltas de soldos.
Isto
hé o que tenho de expôr a Vossa Excelencia Sua Mages-
[fl. 3v][6]
Magestade Rezolverá o que mais convier ao seu
Real Ser
viço.
Deos
guarde á Vossa.Excelencia. S. Paulo 1º de Dezembro de
1819/
Illmo. e Exmo. Senhor
Thomaz Antonio de Villanova Portugal
João Carlos Augusto de Oyenhausen
[fl. 4][7]
Senhôr,
Diz João Jozé
Palmeira [sic], Sargênto mór
do Regimênto
de Dragoens da Capitanía do Rio grande
de São
Pedro do Sul, que, tendo estado, há
annos,
destacádo em o Registo de Santa Victória,
não tem
podído tratar de cértos negócios
seus, que
exígem por algúm tempo a suá
prezênsa
nesta Côrte; e como Suplicante
já se ache
desligádo daquêle Destacamento por
Se Havêr Vossa
Magestade Dignádo Nomeár
outro
Comandante,
Pede
a Vossa Magestade Seja Servído
Consedêr
ao Suplicante trés mezes
de
lisênsa para vír a esta Côrte, quando
ao Excelentissimo
Governador Generál daquela
Capitania
parêsa não ser prejudisial
ao
Real Serviso, o que hé comumente
ao
Suplicante,
Espera
Receber Merce
[fl. 5][8]
Informação do General Mar=
ques sobre o Requerimento de
João Jozé Palmeira –
Concedida
a Licença
Sim.
Expedio-se o Aviso em 6 de
Dezembro de 1820
[fl. 6][9]
Nº 59 Illustrissimo
e Excelentissimo Senhor.
Tendo
partido desta Capitania para essa
Côrte
encarregado pelo Exmo. Conde da Figuei
ra[10] de
huma diligencia do Real Serviço o
Sargento mór
do Regimento de Dragoens
desta
Provincia João Jozé Palmeiro, de quem
fez menção
o Aviso de V. Ex.ª de 4 de Setem-
bro deste
anno, que acompanhou o Requeri=
mento
incluso d’elle, no qual requer trez me-
zes de
licença para hir a essa mesma Côr=
te; me
parece que não resultará inconveni=
ente algum
ao Real Serviço de lhe sêr con=
cedida a
mesma licença, se elle de nôvo a=
hi a supplicar.
Deus
Guarde V. Ex.ª
Porto
Alegre 21 de Outubro d’1820
Illustrissimo e Excelentissimo
Senhor Thomaz Antonio
de Villanova Portugal
Manoel Marques de Souza
Pela Secretaria d’Estado dos Negocios
Estrangeiros e da Guerra
[fl. 7][11]
[Illustrissimo.e Excelentissimo.Senhor][12]
Pelo Avizo
Regio de 15 de Novembro proximo passado me Orde-
na Sua
Majestade, que eu informe com o meu parecer o Requeri-
mento, e
Documentos inclusos de João Jozé Palmeiro Sargento mór
de Dragoens
da Provincia de S. Pedro, que pede ser Tenente Coro-
nel
graduado, com exercicio de Ajudante d’Ordens deste Governo.
Eu não duvido dos serviços do Supplicante,
muito mais ven-
do-os
referidos pelo Tenente General Manuel Marques de Souza =
mas já
informei este mesmo Requerimento em Officio Nº 73, do
1º de Dezembro
de 1819, da copia inclusa, fazendo ver á Sua
Magestade,
que esta Capitania, que nunca teve mais de dois
Ajudantes
d’Ordens, hoje tem seis, e alem destes mais cinco Offi-
ciaes addidos
ao Estado maior: naquelle tempo só a folha dos Aju-dantes d’Ordens, e Officiaes
do Estado maior importava em Reis
7:939$247
por anno, hoje importa em mais, por haver acre-
cido o
Tenente Coronel João de Castro do Canto e Mello, e o Alferes
Nabor
Delfim Pereira: portanto o que posso informar agora he
o mesmo
que já então disse; e Sua Magestade Rezolverá o que for
servido.
Deos guarde á V. Ex.ª Sam Paulo 1º
de Dezembro
de 1820
Ilustrissimo e Excelentissimo
Senhor Thomaz Antonio de Villanova Portugal[13]
[fl. 8][14]
Copia Nº 73.
Ilustrissimo.e
Excelentissimo.Senhor = Por Avizos Regios de 6, e 13 de 8bro.[15]
ultimo,
Foi Sua
Magestade servido mandar=me informar com o meu parecer os Re-
querimentos
incluzos do Sargento mòr do Regimento de Dragoens da Ca-
pitania de
São Pedro do Sul João Jozé Palmeiro, e Antonio Xavi-
er de
Souza Saião Coronel graduado do 2º Batalhão da Bri-
gada Real
da Marinha, os quaes ambos pedem serem Ajudan-
tes das
Ordens deste Governo, o primeiro na mesma Patente, e o segun-
do com a effectividade
do Posto de Coronel.
Não
conhecendo eu alguns destes Officiaes, nada posso infor-
mar sobre
seus merecimentos pessoaes, e creio que ambos o tem, á vista dos Documentos,
que aprezentão; só posso informar sobre o que respeita ás cir-
cunstancias
do Estado maior deste Quartel General, e então repito
o mesmo
que já disse, quando no meu Officio Nº 43, de 14 de 7bro.
deste anno
informei o Requerimento do Tenente Coronel Jozé Pedro
Galvão de Moura
e Lacerda, e hé que se achão aqui sinco Ajudantes d-
Ordens effectivos,
e sinco Officiaes ás ordens, fazendo-se com elles huma
grande
despeza á Real Fazenda, quando sempre foi estilo anti-
gamente
haverem só dois Ajudantes d’Ordens.
Ora
todos elles felismente servem muito bem, e me parece, que.
os sinco
Officiaes addidos a este Quartel General tem hum direito a –
hirem
entrando na effectividade de Ajudante d’Ordens, quando
forem
vagando os effectivos, o que se não poderá já mais verificar se for –
se augmentando
o numero delles com Officiaes entrados de fora.
Talvez
elles requeirão servirem nesta Capitania; porque por óra
se paga effectivamente
a folha militar; porem huma vez, que as des-
pezas vão
crescendo hão-de todos ter não pequenas faltas de soldos.
Isto hé o
que tenho de expôr a Vossa Ex.ª S. Magestade Rezolverá o que mais con-
vier ao
seu serviço. Deus guarde á V..Ex.ª. S. Paulo 1º de Dezembro de
1819 = Illmo.
e Exmo. Sr.
Thomaz Antonio de Villanova Portugal = João Carlos Augusto
d’Oyenhausen
Manoel da
Cunha d’Azevedo Coutinho Souza Chichorro
[fl. 9][16]

Illustrissimo e Excelentissimo
Senhor
O supplicante
João Jozé Palmeiro, Sargento
Mor de
Dragoens desta Capitania, mencio=
nado no
Requerimento incluso, que acompa-
nhou o
Aviso de V. Ex.ª de 31 de Março deste
anno, e
que veio para o Governo della informar
sobre a
pretenção do mesmo Official, que péde
sêr
provido a Tenente Coronel Graduado, e A=
judante d’Ordens
do Governo da Provincia de
S. Paulo,
está o mesmo supplicante á muitos
annos Commandando
o Registo denominado
de Santa
Victoria nos confins desta Capita=
nia, com
aquella outra, em cujo destacamento
se
examinão, e verificão os Despachos das Tro=
pas de
gados vacuns, e Cavallares, que d’aqui
se condusem
para aquella dita Capitania,
e em cujo
exercicio me consta haver-se condu=
sido o
mesmo supplicante naquelle Comman=
do a proveito,
e satisfação da Junta da Real Fa=
senda
deste Continente, circunstancia esta que
mesmo parece
provar tacitamente o longo des=
curso de
tempo, que ali o tem conservado. E indo
elle agora
a sêr demittido do mesmo Commando,
por d’elle
sêr encarregado Elesbão Lopes Duro,
Sargento mór
Graduado de Cavallaria addido
ao Estado
Maior do Exercito, a quem Sua
Magestade
o conferio por Decreto de 3 de
Março deste
anno; me parece portanto com
[fl. 9v][17]
attenção a
todo o referido, que o supplicante
está no
cazo de merecer a contemplação que
implora a
Sua Magestade, se o Mesmo
Augusto
Senhor assim o Julgar convenien=
te ao seu
Real Serviço.
Deos Guarde V. Ex.ª
Porto
Alegre 28 de Setembro de 1820
Illustrissimo
e Excelentissimo Senhor Thomaz Antonio
de
Villanova Portugal
Manoel Marques de Souza
Thenente
General Comandante
Pela Secretaria d’Estado dos
Negocios Estrangeiros e da Guerra
[fl. 10][18]
Não
tem lugar por não haver vagas
em 23 de Dezembro de 1820./ Senhor
Diz João
Joze Palmeiro Sargento Mor do Re-
gimento de
Dragoens da Capitania do Rio Grande de São Pe
dro do
Sul, que elle teve a honra de dirigir a Vossa Magestade
hum
requerimento comprovado com sete documentos, em que
mostrou,
que servia a Vossa Magestade, desde 1794, e os re
levantes Serviços,
que tem prestado com sumo zelo, fidelida
de, e
prestimo, e pediu em concluzão a Graça de Ser Nomea
do
Ajudante de Ordens do Governo de São Paulo com a Gradu
ação de
Tenente Coronel; E porque não tendo ainda Bai
xado a
Real Resolução de Vossa Majestade, acontece ter si-
do Vossa
Magestade Servido Despachar a Elesbão Lopez Du
ro para
Comandante do Registo de Santa Victoria, que o suplicante
actualmente
Commanda, depois de haver Commandado a Villa
e Registo
de Santo Antonio da Patrulha, com tanto provei
to da Real
Fazenda, e bem dos Povos, quanto o demonstrão
aqueles documentos,
facto este que mais authorisa a
justiça da
pretenção do Supplicante, que pelos annos de bom
serviço, e
de idade, não está nas circunstancias de
hir servir
no seu Regimento, aonde os Officiaes que erão
subalternos
hoje estão superiores, talvez porque o Supplicante
não
estivesse no serviço Regimental, ao mesmo tempo,
que sempre
esteve empregado em Commissoens de gran
[fl.
10v][19]
de grande
ponderação, e de ordinario confiadas a Officiaes
de Reconhecida
probidade, inteligencia, e limpeza de mãos;
nestes
termos humildemente Supplica a Vossa Mages
tade SeDigne
Tomar na Sua Augusta, e Real Conside
ração todo
o expendido para que Seja Servido Fazer
ao Supplicante
a Graça que pediu de ser Promovido a Gradu
ação de
Tenente Coronel, e Nomeado Ajudante d’Ordens
do Governo
de São Paulo.
Pede
a Vossa Magestade que por
effeitos,
puramente de Sua Real
Munificencia,
e Incomparavel
Benignidade
Seja Servido Fazer lhe
a
Graça que aspira.
Espera Receber Merce
[fl. 11][20]
Fica recolhido no Armazem desta Real
Fazenda
huma Barraca, Barraquim e Varanda,
e bem
assim hum maxado e huma marca = [marca][21]
entre
que tudo por ordem do Illustrissimo
Sr. Sargento Mor
João Joze Palmeiro que declara
pertencer
todo o Sobredito acima, a Fazenda Real
da Capi=
tania do Rio Grande
de Sam Pedro do Sul, - e por verda=
de passei o prezente por mim
assignado
e juntamente com o Fiel dos Armazems
desta
dita Fazenda – Santa Cruz em
28 de Abril
de 1822./.
Fiel
Joze Feliz e OLiveira Vallentim Braz
Tinoco da Silva
Thezoureiro
[fl. 12][22]
Pague-se
Generos, e o mais cobrará
Esperado
para quando Sua Alteza Real vir.
Diz João
Jozé Palmeiro, Sargento Mor
do
Regimento de Dragoins, da Capitania de
S. Pedro
do Sul, ora nesta Corte, vindo em deli
gencia de Servisso;
que a elle supplicante se lhe[de]
ve seos Soldos
a perto cinco annos: Nes
tes termos
vem Emplorar a Graça de Vossa Alteza
Real
de lhe Mandar
pagar alguns mezes, a
fim de se poder
transportar para a Sua
Capitania
e Regimento, levando desta Thezou-
raria
Geral a competente guia, para na daque-
la Provincia
se lhe fazer o abatimanto. Portanto
Pede a Vossa Alteza
Real se Digne
Deferir
ao suplicante como for de Jus
tissa
Espera Receber Merce
João José Palmeiro
[fl. 13][24]
João José
Palmeiro, Sargento Mor
do
Regimento de Dragões da Pro-
vincia de
S. Pedro, requereo o Posto
de Tenente
Coronel vago do seu Re-
gimento e
o seu Requerimento foi a
consultar
ao Conselho Supremo Mi-
litar. –
Constando-lhe agora
que
se acha vago, como evidencia
pelo Documento
junto, que se acha
vago o Posto
de Coronel do 4º Regi-
mento de
Cavalaria de Milicias
da dita
Provincia
Pede este posto estribando-se nos
documentos
annexos ao Requerimento
que
foi a consultar, e outrosim o
commando
dos Povos de Missões a
que
pertence aquelle Regimento, pois
o Commandante
actual vem pa-
ra a
Corte.
<Decreto
para o 4º Batalhão de mellicias
Lavrou-se
Decreto em 8 de Novembro de 1822>
[fl. 14][25]
Senhôr
Diz João
Jozé Palmeiro, Sargento Mor
do
Regimento de Dragoins da Provincia de S. Pe=
dro do Rio
Grande do Sul, que elle suplicante requereo
a Vossa
Alteza Real o posto de Tenente Coronel.do mesmo
Regimento, vago, e =
lhe pertence
por ser o Sargento Mor effectivo do Regimento:
Foi Vossa
Alteza Real Servido Mandar Consultar a =
pertenção
do suplicante, cuja Consulta se acha affe=
cta a Real
Decisão de Vossa Alteza Real Porem
Real
Senhor, agora que sabe o suplicante que se acha vago, o –
Posto de
Coronel do 4º Regimento de Cavalaria
Melecianna
da mesma Capitania, pela Reforma do –
que
o era, como fas certo pelo Documento junto:
Vem o suplicante
novamente pedir a Vossa Alteza Real a Graça
de o Despachar
em Coronel de Cavalaria
Melecianna
daquelle Regimento, com o Comando
das Missoins,
por pertencer aquelle Regimento, aque
le
Departamento, visto, que tãobem vaga aque-
le Comando
dos Povos de Missoins, por vir para a –
Corte o
Comandante, que era, e não ficar Patente
mais
Superior que a do Suplicante no mencionado Districto:
O suplicante
offeresse em abono da sua nova pertenção
os
Documentos, que se achão juntos a sua Con-
sulta, e
fiado mais na Grandeza e Manifi-
cencia de Vossa
Alteza Real, que os seos merecimentos, e servissos
[fl. 14v][26]
suplica, e
Pede
a Vossa Alteza Real se Di-
gne
Deferir ao suplicante na no-
va pertenção,
que requer.
Espera
Receber Merce
João José Palmeiro
[fl. 15][27]
Senhor
Pede ser Comandante da Provincia
das Missoes e que se lhe dê passagem
________________________________
Concedidas ambas as pertençoes e diga-se ao Governo que
elle consumio do Ser-
visso Nacional os generos que entregou em Santa
Cruz, os quaes elle deve declarar em
huma relacão asignada por elle –
Lavrou-se Decreto para
Comandante de Missões em
29 de 9bro. de 1822./
Diz
João Jozé Palmeiro, Sargento Mor
do
Regimento de Dragoins da Capitania de S. Pedro,
que
vindo a esta Corte em deligencia e comdu=
Expedido ao Governo em 5 de ção de hua Tropa de animais Cavalares
e Mu=
Dezembro 1822 ares;
recebeo na sua Provincia os, os trastes
constantes
do Documento junto, pertencen-
tes
a Fazenda Nacional, e que erão perci=
zos
para seu transporte da mesma Condução;
E
como o suplicante entregasse, por ordem de V.A.R., a –
mesma
Tropa, na Real Fazenda de Santa Cruz,
tãobem
entregou os mencionados trastes
por
pensar assim o devia fazer, e mesmo por falta
de
condução. Mas agora milhor enforma=
do
de que deve fazer entrega na sua Provincia,
por
haver ali assinado carga.
Pede
a V.A.R. se Digne os Mandar
conduzir
a esta Corte para ser entregues
ao
suplicante; ou se lhe dé hú authentico
Documento
para na sua Provincia lhe da-
rem
baixa na Carga, que o suplicante não
tem
meios de os hir buscar aquela Fazenda
Espera Receber Merce
João Joze
Palmeiro
[fl. 16][28]
Illustrissimo
Senhor Coronel Intendente e Vedor das Troppas
Passe
na forma requerida.
Porto
Alegre 6 de Marso de
1828
Freire
Diz O Coronel
João Joze Palmeiro que a bem de Seo
Direito preciza
que O Escrivão de Vedoria das Troppas
desta Provincia
lhe passe por Certidão Extrahida
dos respectivos
Livros o tempo em que de Tenente da
Marinha passou
para Capitam do Regimento de
Dragoins
desta Provincia; e os mais postos que
teve athe
o em que se acha no de Coronel de 2ª Linha
do Regimento
de Cavalaria Nº 24, declarando
os Seos
respectivos assentamentos, Diplomas
e
servissos, a sim como as Notas ou sem ellas:
portanto
Pede
a V. S.ª Seja Servido man
dar lha passar do que Cons
tar
Espera
Receber Merce
[fl. 16v][29]
Francisco
de Paula Monteverde, Ca=
valleiro
na Ordem de Christo, Conde=
corado com
o Distintivo das Campa=
nhas do Exercito
Passificador, e Escrivão
da Vedoria
das Tropas desta Provincia
Certifico
que revendo os Livros findos
do
Regimento quinto de Cavallaria
de
primeira Linha, antigamente
denominado
de Dragoens, a folhas
seis do
Livro dessimo da quarta Com=
panhia do
dito Regimento se encon=
tra o primeiro Assentamento do Sup=
plicante João
Jozé Palmeiro, aonde
consta
que viera para esta Provin=
cia em
dois de Maio de mil e oitocentos
e dois no
Posto de Capitão Agregado ao
dito
Regimento, para o qual foi no=
meado por Patente
Regia de Sua
Magestade
Fideliscima de dez
de
Setembro de mil e oitocentos e
hum =
Consta outrocim que era
Tenente da
Armada, quando passou
para o
dito Posto de Capitão: igno=
ra-se o
dia em que foi Despachado
neste Posto,
digo, no Posto de Tenente
mas consta
que Sentára Praça
de
Aspirante Guarda marinha
em quatro
de Novembro de mil e <4
de 9bro. 1794>
settecentos
e noventa quatro = Certi=
fico mais,
que o Supplicante passou
a
Commandar a quinta Compa=
nhia do
dito Regimento por Por=
[fl. 17][30]
Portaria
deste Governo de vinte e seis
de Novembro
de mil e oitocentos e seis
= Foi
Promovido ao Posto de Sargen=
to Mór
efectivo do referido Regimen=
to por Decreto
de quatro de Novem=
bro de mil
e oitocentos e dezoito = Passou
para
Coronel do Regimento de Ca=
vallaria
Ligeira de Segunda Linha
Numero
vinte e quatro, por Decreto
de oito de
Novembro de mil e oito
centos e vinte
dois = Consta que o
Supplicante
sendo Capitão fôra
mandado Commandar
a Gu=
arda e
Registo de Santa Victoria, a
onde se
conservou até que foi Des=
pachado no
actual Posto de Coro=
nel, mas
ignora-se pozitivamen=
te o tempo
que durou este Destaca=
mento. por
não haver Nottas em
seus
Assentamentos que o declarem =
= Por
Decreto de vinte e nove de
Novembro
de mil e oitocentos e
vinte dois foi nomeado Comman=
dante de
Missoens, sendo dispen=
çado deste
Commando por Porta=
ria da
Secretaria de Estado da Guer=
ra com
dacta de trez de Junho de
mil e
oitocentos e vinte seis, realizan=
do a
entrega do dito Commando a
o Tenente
Coronel Claudio José de
Abreu em
onze de Outubro dito anno
= Foi restituido
ao Commando do
seu
Regimento em vinte quatro de
[fl.
17v][31]
de Julho
de mil e oitocentos e vinte
sette,
tendo regreçado da Corte. He quanto
se
encontra nos Assentamento do
Supplicante
aonde não se acha
Notta
alguma que lhe seja preju=
dicial, e
para que conste aonde
convenha
mandei passar a pre=
zente em
observancia do Despacho re=
tro – do
Coronel e Vedor das Tropas
Vicente
Ferrer da Silva Freire, e vai
por mim
somente assignada
Porto
Alegre sette de Março de mil
oiteocentos
e vinte oito o Subscrevi
e asinei /
Francisco
de Paula Monteverde
Pg [doze?] reis de Sello
Rio
11 de Julho
de 1829/
Alvarez Nogueira
[fl. 18][32]
P.g. 40 reis de
Sello Rio 14
de
Julho de 1829 –
Alvarez Nogueira
Attesto
que tratei ao Sr. Coronel João
Jozé
Palmeira [sic], de uma afeção reuma=
tica que
lhe atacou a articulação da man=
díbulla
inferior pello lado esquerdo, e núca,
com
concenço para a cabessa, que o encomodou
bastante,
e ao prezente queixa- sse do mesmo
inda que
com menos intencidade; e para cons=
tar me
pede a prezente, cujo referido afir=
mo com o
juramento aos Santos Evangelhos
sendo
necessario.
Rio de
Janeiro 13 de Julho de 1829
O
Cirurgião João Alvares Carneiro
Reconheço
Verdadeiro o si-
gnal
supra Rio 13 de Julho
de
1829. Em testemunho de Verdade
[sinal
público]
Joaquim Joze de Castro
[fl. 19][33]
Passe
na forma requerida. Senhor
Em 31 de 8bro. de 1829.
Diz O Coronel
João Jozé
Palmeiro,
que tendo de Regressar
a
Provincia de São Pedro, de – don
de veio por
Ordem de Vossa Magestade Imperial,
e querendo
levar em – sua Companhia
seu filho
Daniel Jozé Pal-
meiro, e hῦ
escravo do mesmo
que
se achava ao seu servisso,
assim como
os – dois Escravos
que vierão
com – o suplicante e cons-
tão da
Portaria junta
Pede a Vossa Magestade
Imperial Seja
Servido
Mandar passar
Como procurador o competente
Despacho
Francisco Marianno de Oliveira Espera
Receber Merce
[fl. 20][34]
Em consequencia
das ordens de Sua
Magestade
o Imperador, se=
gue para á
Corte do Rio de Janeiro o
Senhor
Coronel João Jozé Palmeiro, levan-
do em sua
companhia dous escravos se-
us de nomes
Antonio, e Francisco: Or=
deno
portanto, que nos Registos e For=
talezas da
Barra desta Provincia
se lhe não
ponha embaraço a sua vi
agem. Porto Alegre 2 de
Maio de
1929
Maciel
[fl. 21][35]
Senhôr
Reformado
Lavrou-se
Decreto em 18
de
Outubro de 1829
N 911
Passe
em 3 de 9bro. 1829 –
Diz João
Jozé Palmeiro, Coronel de Ca
valaria
Ligeira de 2ª Linha nº 24, que elle
tem a
honra de servir a 35 annos desde a pra
ça de
Aspirante Guarda Marinha a 2º Tenen
te da
Armada donde passou para o de Capitão
do
Regimento de Dragões da Provincia do
Rio Grande
do Sul, depois a Sargento mór do mes-
mo Corpo,
e ultimamente para o de Coronel
em que
se acha; como consta da Fé de Officio in-
clusa; e
porque o Supplicante em todo o dito tempo não
se tem
poupado a todas as fadigas da vida Mi
litar até
o prezente tendo acabado de fazer, alem
de outras,
a proxima passada Campanha na
dita Provincia,
com aquella coragem, e intre-
pidez propria
do seu animo, sempre obediente a
seus Superiores:
He por isso que o Supplicante já cansa
do dos
trabalhos de hῦa vida tão laboriosa, na
qual nunca
se escusou, e mesmo de Comman-
dar, e
defender os pontos mais perigosos, Vem por
este meio
implorar de Vossa Magestade Imperial a graça de o refor-
mar no
posto de Brigadeiro por ter servido 28
annos na
1ª Linha até Sargento Mor, e quando
Vossa
Magestade Imperial não Houver por bem Annuir a hum
tão justo
motivo, o Supplicante humildemente pede
a dita
reforma no de Coronel, visto que não
pode
continuar no serviço pelos seos annos, e
molestias
que soffre, como consta d’Attestação
jun-
[fl. 21v][36]
junta, que
actualmente o impossibilita de
todo o
exercicio: portanto
Pede
a Vossa Magestade Imperial que
Attendendo
ao que fica expos-
to
lhe conceda a reforma
pedida,
na forma que Sup-
plica,
ou na forma da Lei.
Espera
Receber Merce
João Jozé Palmeiro
[1] Antigo “013”.
[2] Antigo “014”.
[3] Antigo “015”.
[4] Antigo “016”.
[5] Setembro.
[6] Antigo “017”.
[7] Antigo “018”.
[8] Antigo “019”.
[9] Antigo “020”.
[10] Foi 1º Conde da Figueira, D. José Maria Rita de
Castelo-Branco Correia da Cunha Vasconcelos e Sousa, 1788-1872, filho do 6º
Conde de Pombeiro e 1º Marquês de Belas. Militar, atingiu o posto de coronel em
1820, para ser reformado como brigadeiro em 1851. Fez a maior parte de sua
carreira militar no Brasil, onde serviu na Divisão de Voluntário Reais de
El-Rei. Distinguiu-se na ação de Toguarembá, no Rio Grande do Sul (22 de janeiro
de 1820). Foi governador e capitão-general do Rio Grande do Sul e comissário de
Portugal na comissão de delimitação de fronteiras desta província com a de
Montevidéu. Como veador da Princesa do Brasil, D. Maria Francisca Benedita,
acompanhou-a no seu regresso a Portugal, e quando o Infante D. Miguel assumiu o
comando-chefe do Exército em 1823, foi seu ajudante de campo. Par do Reino em
1826, foi reposteiro-mor da Casa Real nos atos de aclamação e do funeral de D.
João VI. Tinha recebido o título de Conde do Príncipe Regente em 1810. – cf.
“Nobreza de Portugal e do Brasil”, vol. II, Lisboa 1960, p. 598, verbete
relativo aos condes de Figueira.
[11] Antigo “021”.
[12] A parte superior da folha está dobrada, mas se
percebe que há escritos. Dado o tipo documental, é bastante provável que o
protocolo inicial seja o referido.
[13] A parte inferior da folha foi rasgada, logo abaixo
do nome do destinatário.
[14] Antigo “022”. Essa folha é a “Cópia” do Ofício Nº
73, transcrito nas folhas 3 e 3v, conforme numeração atribuída no presente
trabalho.
[15] Outubro.
[16] Antigo “023”.
[17] Antigo “024”.
[18] Antigo “025”.
[19] Antigo “026”.
[20] Antigo “027”.
[21] Consta o desenho da marca:

[22] Antigo “028”.
[23] Essas duas linhas foram riscadas.
[24] Antigo “029”. Pequeno
papel colocado na frente do requerimento da folha seguinte. Trata-se da
informação a respeito dos requerimentos anteriores e o despacho.
[25] Antigo “030”.
[26] Antigo “031”.
[27] Antigo “032”.
[28] Antigo “033”.
[29] Antigo “034”.
[30] Antigo “036”.
[31] Antigo “037”.
[32] Antigo “035”.
[33] Antigo “038”.
[34] Antigo “039”.
[35] Antigo “040”.
[36] Antigo “041”.
X na Capela filial de Nossa Senhora dos Navegantes, São José do Norte, a 25 de abril de 1802 com Maria Josefa da Fontoura * freguesia de Nossa Senhora do Rio Pardo..., + Porto Alegre....
Viúva, realizava com suas filhas, antes e durante a Revolução Farroupilha, reuniões secretas em sua residência em Porto Alegre.
Alfredo Varela na sua “História da Grande Revolução – o cyclo farroupilha no Brasil” (6 vols., Livraria do Globo 1933) a ela se refere quando menciona que a melhor mocidade, as melhores famílias da Província do Rio Grande do Sul tinham aderido aos farrapos. Em Porto Alegre, há meses sitiada pelos farroupilhas, foi preciso recorrer a medidas de extremo rigor. E escreve: “Considerai, exempli gratia, um caso impressionante, a pena de desterro, imposta a uma senhora, dona Maria Josepha da Fontoura Palmeiro, de uma das mais distinctas famílias liberaes do Paiz. Esta illustre dama, que já havia padecido constrangimento igual em 1836, por sua corresponsabilidade em conjura contra a reacção imperialista daquelle anno: persistiu avessa ao domínio que a esse tempo se restabeleceu na cidade. Mais do que ninguém “contumaz”no ardente revolucionarismo que notabilisava o grêmio provinciano, incumbia-se de espalhar as “proclamações” dos rebeldes, como “agente”, que era, de seus irmãos políticos, dentro e fora da praça. Ora, é de saber-se que diffundida nas ruas da mesma, a noticia da grande victoria de abril, a vigorosa, flammigera, arrebatada matrona, exaltadíssima com o sucesso, não se conteve. Commemorou-o sem rebuço, com ostentosos jantares, em que deu as mais transparentes mostras do “regosijo da sua alma”, com o êxito, até ahi sem igual, das armas republicanas. Adivinha-se a temeridade que fructos lhe geraria! O governo, como não a perdesse de vista, soube logo dos actos e gestos de cor sediciosa em que atrevidamente se comprazia a destemida, intemerata farrapa, e, se bem aparentadissima com muitos dos mais salientes magnatas realistas, considerou de urgência decretar opportuna medida represssiva, que foi a de que para traz se fala. Em vista dos severos termos da mesma, o dr. Manuel de Freitas Travassos, chefe de policia, mandou vir á sua presença dona Maria Josepha, a quem fez a sua intimação, para que deixasse a cidade, dentro do praso de 24 horas; intimação que acolheu, segundo elle, com “arrogância”, “falta de delicadeza”, e mais ainda “vociferando ameaças”, face a face de quem inclemente punha fora das portas a temerária citadina, brazão de seu nobre sexo (M. de F. Travassos, offic. De 16-VIII-38 a Eliziário. Offic. deste, a 17) (vol. IV, pp.188-189) (no vol. II, p. 457, Varela já tinha notado que em Porto Alegre “houve da família Palmeiro, numerosa e distinta entre nós por seu liberalismo, que se arriscou a ser desterrada, pelas suas muitas mostras de amor à causa redentora” ).
É o que diz também Fernando Luis Osório Filho em sua obra “Mulheres Farroupilhas”: “Outro exemplo impressionante de têmpera e apego às convicções foi o da destemida farrapa Dona Maria Josepha da Fontoura Palmeiro, de um das mais numerosas e distintas familias do liberalismo brasileiro e a que foi imposta a pena de desterro, intimada a deixar Porto Alegre dentro de 24 horas pelo risco e coragem com que se incumbiu de espalhar, dentro e fora da praça, as proclamações de seus irmãos políticos, e assim vigorosamente, temerariamente, tornando-se um dos “brazões de seu nobre sexo”.
A viúva do capitão Palmeiro e suas filhas realizavam, antes e durante a Revolução, reuniões secretas em sua residência, em Porto Alegre.
E essa filha de Palmeiro que foi perseguida e deportada por levar pessoalmente informações a Bento Gonçalves, na aproximação com os republicanos que estavam em Setembrina, mais tarde tornou-se apóstolo da libertação dos escravos, “escrevendo seu nome entre as mulheres beneméritas da nação” (p. 82).
Publicamos abaixo um poema, fornecido pelo prof. Paulo Correa dos Santos, em homenagem a Maria Josefa da Fontoura Palmeiro de autoria de Jucelino Viçosa de Viçosa, um professor de Itaqui, hoje residente em Porto Alegre. Este poema faz parte do livro: Jucelino Viçosa. Primeira Pessoa, Itaqui: Novigraf, 2000, p. 23, que é uma homenagem a todas as mulheres que se destacaram na Revolução Farroupilha e que muitas vezes são esquecidas pela historiografia oficial, basicamente centrada nas figuras masculinas heroicizantes. O autor, no final do livro, faz questão de ressaltar que o livro é baseado numa obra da escritora Hilda Flores, “Sociedade: Preconceito e Conquistas. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1989.
INFORMANTE
Vou me apegando às minhas convicções
Comungando das ideias liberais
Vejo a bandeira rio-grandense tremulando
Sinto coragem ao escolher meus ideais.
Fui punida com desterro, é a conta
Por espalhar proclamações de meus irmãos
Vou muito além da praça, em Porto Alegre
Pela honra de nossa revolução.
Fiquei viúva do Capitão Palmeiro
Reuniões secretas eram feitas em meu lar
Envolvi minha família na contenda
Pelo orgulho feminino de lutar.
Tornei-me um dos brasões do nobre sexo
Me recusei a ficar chorando a morte
A mulher pode ser centro de um conflito
E decidir qual vai ser a sua sorte.
A Bento Gonçalves eu levei informações
Dos republicanos que, na Setembrina, estavam
Fui perseguida e deportada por meus atos
Que aos donos do poder incomodavam.
Depois dessa epopeia farroupilha
Inicio a luta por libertação
Dos escravos que pertencem aos senhores
Que ainda exercem um poder de dominação.
Maria Josefa da Fontoura Palmeiro
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Durante o cerco imperial à capital levava recados extramuros, de Porto Alegre, ao chefe farroupilha Bento Gonçalves. Denunciada como espiã, foi condenada e banida da capital em fins de 1836.
Tiveram 12 filhos:
1. Maria Herculana da Fontoura Palmeiro – cf. Capitulo I
2. Capitão João José da Fontoura Palmeiro – cf. Capítulo II
3. Ana * em Santo Antonio da Patrulha, 8.3, e foi batizada 7.4.1805
4. José * 1806, + Porto Alegre 15.1.1819
5. Luiz José da Fontoura Palmeiro – cf. Capítulo III
6. Maria Cândida da Fontoura Palmeiro – cf. Capítulo IV
7. Mariana Carolina da Fontoura Palmeiro – cf. Capítulo V
8. Escolástica Maximiana da Fontoura Palmeiro * cerca 1820, + Porto Alegre, solteira, 1.12.1889, com 74 anos.
9. Leopoldina Amália da Fontoura Palmeiro – cf. Capítulo VI
10. Balbina Francisca da Fontoura Palmeiro – cf. Capítulo VII
11. Capitão Francisco Eleutério da Fontoura Palmeiro – cf. Capítulo VIII
12. Major José Maria da Fontoura Palmeiro – cf. Capitulo IX
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NOTAS
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Ascendência de Maria Josefa da Fontoura Palmeiro
Maria Josefa era a oitava dos treze filhos do Capitão de Dragões João Carneiro da Fontoura e de Josefa Bernardina da Cunha Menezes; era neta de João Carneiro da Fontoura, português, que veio para o Brasil e que estabeleceu-se no Rio Grande do Sul em 1737, no Presídio de Jesus, Maria, José, fundador da família Carneiro da Fontoura no Estado. Publicamos abaixo alguns dados sobre os ascendentes desta família, a partir de Maria Josefa:
Pais
1. Capitão de Dragões João Carneiro da Fontoura – * freguesia da Candelária, Rio de Janeiro, c. 1734, + na vila de São José do Norte, 22.I.1810
X freguesia do Estreito do Rio Grande de São Pedro 1.V.1773
2. Josefa Bernardina da Cunha Menezes – * freguesia de Rio Grande de São Pedro 8.XI.1756,
Avós
3. João Carneiro da Fontoura – * vila de Chaves, da Província (comarca) de Traz-os-Montes, Portugal, c. 1679, + vila de Nossa Senhora do Rosário de Rio Pardo, RS, 19.VIII.1769 – no Brasil esteve em Minas Gerais, Rio de Janeiro e finalmente estabeleceu-se no Rio Grande do Sul em 1737, no Presídio de Jesus, Maria, José (fundado pelo brigadeiro José da Silva Pais, na Barra do Rio Grande, a 19 de fevereiro do mesmo ano. A 22.I.1738 foi-lhe concedido pelo mestre de campo, comandante André Ribeiro Coutinho, um terreno na rua da Igreja, na hoje cidade de Rio Grande, com 33 braças, onde já havia feito um rancho para si e família. A 2 de março do mesmo ano obteve do referido comandante, concessão de um rincão junto ao arroio, com 500 braças de frente e seus fundos até o Rio Grande. Passou-se mais tarde para Viamão e Rio Pardo – fundador da família no Rio Grande do Sul. Veio para o Brasil, seguindo para Minas Gerais, passando-se para o Rio de Janeiro e depois para o Rio Grande de São Pedro
X
4. Izabel da Silva – * vila de Torres Novas, da comarca de Tomar, arcebispado de Lisboa, c. 1694, m . vila de Nossa Senhora do Rosário de Rio Pardo, 17.II.1794, com cerca de cem anos.Teve dez filhos, origem de cada um dos capítulos da obra “Genealogia Riograndense”
de João Pinto da Fonseca Guimarães e Jorge Godofredo Felizardo.
5. Capitão João da Cunha – * Lisboa
X
6. Antonia Maria de Jesus – * Minas Gerais
Bisavós
7. Antonio Carneiro da Fontoura – * vila de Chaves – escrivão vitalício e morgado de Loivos
X
8. Francisca Velloza – * vila de Chaves
9. Gabriel da Costa – * vila de Torres Novas
X
10. Mariana de Souza – * vila de Torres Nova
11. Belchior da Cunha – * freguesia de Santa Tecla, Celorico de Bastos, arcebispado da Braga.
X
12. Joana Francisca – * freguesia de Santa Tecla, Celorico de Bastos, arcebispado de Braga.
13. Manoel Moreira Belo – * Braga, m. Rio Grande de São Pedro, 29.VI.1738. Residiu no lugar do Bichinho, Rio das Mortes, em Minas Gerais. Em 1737 passou para o Rio de Janeiro com sua família, ali sendo induzido por Gomes Freire de Andrade para povoar o Rio Grande, cujo Presidio havia sido fundado. De chegada ao Rio Grande, em 1738, faleceu.
X
14. Maria Josefa de Menezes – batizada na freguesia de Nossa Senhora dos Remédios do Reino de Angola, tendo nascido no mar, indo seu pai para Angola, como provedor da Fazenda Real.
Trisavôs
15. Antonio Carneiro da Fontoura
Fidalgo da Casa Real, familiar do Santo Ófício. Foi seu irmão ou primo Pedro da Fontoura Carneiro, fidaldo da Casa Real, o primeiro que em Chaves fez aclamar o rei Dom João IV. X em primeiras núpcias em Jou (Sant’André), comarca de Chaves, com Maria Loiza Leite Borges.
X (2º) Villa Real
16. Maria Taveira de Magalhães
17. José de Oliveira da Costa
Senhor de uma Casa Nobre de vínculo, em Loivos.
X
18. Marianna Velloza
...
Tataravôs
31. Francisco Carneiro da Fontoura
É o tronco comum dos Carneiros da Fontoura, que virão mais tarde ao Brasil e os Guerra Rebelo da Fontoura, família nobre portuguesa, não titulada, ainda hoje subsistente
X
32. Guiomar da Costa de Oliveira
33. João Taveira de Magalhães
X
34. Maria de Carvalho
....
Quintos avós
63. Manoel da Fontoura - ...
Viveu na vila de Chaves. Fidalgo da Casa dos Duques de Bragança, mordomo-mór do 5º duque, Dom Teodoro (+ 1563), bisavô do rei Dom João IV.
X
64. Maria Vieira Carneiro
Era sobrinha do marido
65. João Roiz Varela
X
66. Helena da Costa de Oliveira
....
Sextos avós
127. João da Fontoura
Fidalgo natural das Astúrias, que militou no reino de Portugal
X
128. ...
129. Martim Carneiro
X
130. Ana da Fontoura
...
Sétimos avós
255.
x
258.
259. Diogo Carneiro
x
260. Maria Vieira
261. = 127.
x
262. = 128.
...
Oitavos avós
...
519. Gil Carneiro
x
520. Leonor Anes
...
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Alianças matrimoniais de Fontouras com sobrinhos
de Santo Antonio de Sant´Ana Galvão
O irmão mais velho de Maria Josefa da Fontoura, o tenente Francisco Carneiro da Fontoura, casou em segundas núpcias a 24 de maio de 1810, na freguesia do Estreito do Rio Grande, com Ludovina da Cunha Menezes, natural da mesma freguesia e viúva do capitão José de Aguiar Peixoto. Entre os seis filhos do casal, além do cônego Ezequiel Galvão da Fontoura (cônego da Sé de São Paulo, tendo sido vigário capitual da diocese), destaquemos Mariana Amália da Cunha Fontoura (* Pelotas, 13 de janeiro de 1822), que casou em 1838 em Itú, S. Paulo, com Joaquim Galvão Pacheco de França, sobrinho neto do primeiro santo nascido no Brasil, o conhecido Frei Galvão, Santo Antonio de Sant´Ana Galvão (Guaratinguetá 1739-São Paulo 1822, beatificado em 1998 e canonizado em 2007). Portanto, Maria Josefa, antepassada da família Palmeiro, tinha uma sobrinha casada com um sobrinho neto do popular santo.
Um dos filhos do casal Mariana Amália e Joaquim, Antonio Galvão da Fontoura, tenente da Marinha, casou com sua prima (diz Felizardo, p. 108) Josefina da Fontoura (filha de [...] e de Josefa da Cunha Fontoura, irmã mais moça da acima citada Marina Amália da Cunha Fontoura e filha do ten. Francisco Carneiro da Fontoura).
Ana Ludovina da Fontoura (que Silva Leme diz ser filha do ten. Francisco Carneiro da Fontoura e de Ana Ludovina da Cunha)) casou com o cel. Francisco Galvão de Barros França, outro sobrinho neto de Santo Antonio Galvão, sendo um dos chefes da rebelião de 1842 (sem geração).
Outra irmã de Maria Josefa, Theodora, casou com José da Costa Carvalho, sendo os pais de Laura da Costa Carvalho, casada com José Galvão Paes de Barros (vivia em 1902), sobrinho bisneto de Santo Antonio Galvão. A observar que Felizardo não menciona o casamento e a descendência de Theodora (p. 113).
Sobre estas alianças matrimoniais de Fontouras com sobrinhos do santo paulista, cf. Silva Leme, Genealogia Paulistana, vol. III, Título Prados, pp. 113-127).
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Irmãos de Maria Josefa da Fontoura Palmeiro
Irmã de Maria Josefa da Fontoura Palmeiro, antepassada de todos os Palmeiro, foi ainda Joaquina Fausta Carneiro da Fontoura, natural da Freguesia de S. Pedro do Rio Grande e que casou com o tenente-coronel Pedro Augusto Nolasco Pereira da Cunha, natural do Rio Grande, filho do coronel Pedro Augusto Nolasco Pereira da Cunha, nascido na Bahia em 1753 e de Maria Ludovina da Cunha (irmã de Josefa Bernardina da Cunha Menezes, avó de Maria Josefa, esposa do capitão João Carneiro da Fontoura). O coronel Pedro Nolasco Pereira da Cunha era irmão de Antonio Luiz Pereira da Cunha, marquês de Inhambupé (1760-1837), jurista, encarregado por D. Pedro I de organizar o projeto de Constituição, que mais tarde foi jurada, presidente do Senado do Império, ministro dos Negócios Estrangeiros, governador da Bahia e de Pernambuco.
Tiveram três filhos, sobrinhos portanto de Maria Josefa e primos irmãos do cap. João José Palmeiro:
1. Tenente Pedro Nolasco da Fontoura Pereira da Cunha (foi depois tabelião em Porto Alegre). Casou em primeiras núpcias em 1839 e em segundas núpcias em 1850. Um de seus filhos foi o almirante Pedro Nolasco Pereira da Cunha. Casou em 1873 com Elvira Paiva (+ no Rio de Janeiro em 1936).
1) João Nolasco Pereira da Cunha: natural do Rio de Janeiro; casou em Porto Alegre com sua prima irmã Maria Josefa Carneiro da Fontoura, filha do major João Carneiro da Fontoura (outro irmão de Maria Josefa da Fontoura Palmeiro).
2) Almirante José Nolasco da Fontoura Pereira da Cunha (1825-1911). Com larga descendência (sua filha mais moça, Manoela Pereira da Cunha [* 1873] casou com o contra-almirante Álvaro Agostinho Rosauro de Almeida [1865-1914].
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Outro irmão de Maria Josefa da Fontoura Palmeiro foi o major João Carneiro da Fontoura, batizado em Rio Pardo a 8 de junho de 1793 e falecido em 1843; X com Florinda Adolfo Carneiro da Fontoura, sua prima, batizada em Triunfo a 22 de fevereiro de 1786 e falecida em Porto Alegre a 27 de novembro de 1857, filha do sargento-mor Antonio Adolfo Charão e de Ana Clara do Nascimento; neto paterno do alferes de Dragões Antonio Adolfo Schram, por corruptela Charão e de Joana Veloza da Fontoura (irmã mais moça do capitão de Dragões João Carneiro da Fontoura, pai de Maria Josefa.). Dos quatro filhos que tiveram, destaquemos Balbina Carneiro da Fontoura, natural de Caçapava e que casou com o marechal Gaspar Francisco Mena Barreto, nascido no Rio Pardo a 24 de outubro de 1790, onde faleceu a 5 de setembro de 1856, filho mais velho do marechal João de Deus Mena Barreto, 1° barão e visconde de São Gabriel. São seus filhos o major João Carneiro da Fontoura Mena Barreto (1842-1888), o marechal Antonio Carneiro da Fontoura Mena Barreto (n. 1851), deputado à Constituinte de 1891. Outra filha do major João Carneiro da Fontoura foi Maria Josefa Carneiro da Fontoura, casada com João Nolasco Pereira da Cunha.
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