28/05/2011

Capítulo V

Capítulo V

Mariana Carolina da Fontoura Palmeiro

Mariana Carolina da Fontoura Palmeiro
* na freguesia de Nossa Senhora da Oliveira da Vacaria, +  no Rio de Janeiro
X (1) em Porto Alegre a 31 de julho de 1833 com o capitão Francisco Barreto Pereira Pinto, * em Porto Alegre em 1809, e ali +  a 8 de janeiro de 1844.
Era ele primo irmão de Antonio Pinto da Fontoura Barreto (* 1815), marido de Leopoldina Amália da Fontoura Barreto, irmã mais moço de Mariana Carolina (cf. cap. VI).

Árvore de costados do cap. Francisco Barreto Pereira Pinto

1. Cap. Francisco Barreto Pereira Pinto

Pais
2. Marechal de campo Sebastião Barreto Pereira Pinto (1780-1841), fidalgo cavaleiro da Casa Imperial, comendador da Ordem de São Bento de Aviz e oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro
X
 3. Matilde Clara de Oliveira Bandeira (1787-1877).

Avós
4. Sargento-mor Francisco Barreto Pereira Pinto (1758-1804) (primo irmão de Maria Josefa da Fontoura Palmeiro, esposa de João José Palmeiro)
X
5. Eulália Joaquina de Oliveira (1755-1822).
6. Capitão Felisberto Pinto Bandeira
X
7. Ana Clara do Espírito Santo.

Bisavós
8. Coronel de cavalaria auxiliar Francisco Barreto Pereira Pinto (* na freguesia de Lagoalva, Terra da Feira, bispado de Coimbra, Portugal, c. de 1708, + em Viamão em 1775, assentou praça do soldado do Regimento de Dragões,em Minas Gerais, em 1726 e veio para o Presídio do Rio Grande de São Pedro em 1737).
X
9. Francisca Veloza da Fontoura (* na  freguesia de Congonhas de Campos, Sabará, Minas Gerais, c. 1729 – tiveram 15 filhos, cf. GRG, p. 25), irmã mais velha do capitão de Dragões João Carneiro da Fontoura, pai da acima citada Maria Josefa da Fontoura Palmeiro.
10. Capitão de Dragões Manoel Pereira Roriz, * na freguesia de S. Mamede de Negreiros, arcebispado de Braga, Portugal
X
11. Brígida Antonia de Oliveira, * na Colônia do Sacramento
12. Coronel Francisco Pinto Bandeira, * de Laguna
X
13. Clara Maria de Oliveira, * na Colônia de Sacramento
14. José Rodrigues de Carvalho
X
15. Teodózia Faustina Carneiro

Trisavôs
16. Manoel dos Santos Barreto, capitão-mór da vila e comarca de Feira, Lagoalva de Santarém, bispado de Coimbra
X
17. Madalena Maria Pereira Pinto, * de Terra da Feira, como o marido
18. João Carneiro da Fontoura, o iniciador da família Carneiro da Fontoura no Rio Grande do Sul (Francisca é sua filha mais velha)
X Izabel da Silva
20. Domingos Pereira Roriz
X
21. Maria Dias
22. Antonio de Souza Fernando, * de Valongo, no Porto
X
23. Apolônia de Oliveira, * de Oliveira de Azemeis

Mariana Carolina da Fontoura Palmeiro
X (2) em Porto Alegre a 14 de junho de 1845 com o então 1º tenente da armada e mais tarde almirante Manoel Luiz Pereira da Cunha, * na Bahia em 1815, + em Porto Alegre a 17 de março de 1877.

Árvore de costados do almirante Manoel Luiz Pereira da Cunha

1. Almirante Manoel Luiz Pereira da Cunha

Pais
2. Antonio Luiz Pereira da Cunha, marquês de Inhambuque
* na Bahia 1760, + no Rio de Janeiro  1837
Sobre o marquês de Inhambuque cf. o site “Nobreza Brasileira de A a Z” (página transcrita do Archivo Nobiliarchico Brasileiro, do barão Smith de Vasconcellos, com adendas e correções, de autoria de Sérgio de Freitas)


O visconde com grandeza (titulo de 1825) e marquês (em 1826) de Inhambupe, Antonio Luiz Pereira da Cunha, matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra - 20.12.1782. Bacharel em Direito - 4.05.1787. Leitura de Bacharel - 12.1.1788 . Juiz de Fora da Vila de Torres Vedras - 1789. Ouvidor da Comarca de Pernambuco - 1792. Em 1799, ainda se encontrava na Ouvidoria e, nesta qualidade, foi Presidente da Mesa Inspetora. Fez parte do governo interino de Pernambuco - 1798. Ouvidor na Comarca do Rio das Velhas - MG - 1802. Desembargador da Relação do Porto, com exercício na Ouvidoria de Sabará, MG - posse em  1803. Desembargador (ordinário) da Casa de Suplicação de Lisboa - 1805. Obteve licença para voltar ao Rio de Janeiro - 1807. Chanceler da Relação da Bahia - 1808, com o título de Conselheiro para servir por 6 anos e mais. Por morte do conde da Ponte, fez parte do Governo Interino da Bahia, em 1809. Chanceler da Relação do Rio de Janeiro; Alvará dizendo-lhe mercê do Ordenado de Conselheiro para vencer com o de Chanceler da Relação - 1810. Juiz Almotacel - cerca de c.1816. Deputado da Real Junta do Comercio, Agrícola, Fábricas e Navegação 1818. Fiscal das Mercês, a fim de informar sobre os merecimentos dos fieis Vassalos do Príncipe Regente - 1819. 3º Intendente Geral de Polícia da Corte (Rio de Janeiro) e do Estado do Brasil - 1821. Deputado da Mesa da Consciência e Ordens - 1821. Desembargador Ordinário da Mesa do Desembargo do Paço - 1821. Em conformidade do artigo 3 da Carta de Lei de 22.09.1828, foi concedida, por Decreto de 31.03.1829, a aposentadoria do Dr. Antônio Luiz Pereira Da Cunha, Desembargador da Mesa do Desembargo do Paço, no Supremo Tribunal de Justiça. Membro da Comissão compiladora das ordenanças da Marinha para regulamento da Armada. Deputado Constituinte pelo Rio de Janeiro, sendo um dos relatores da Constituição de 1824. Ministro dos Estrangeiros- 1826, da Fazenda - 1826 e do Império -1837. Senador (vitalício), pela Província de Pernambuco - 1826. Deputado à Assembléia Geral Legislativa, na 1ª Legislatura, pelo Rio de Janeiro - 1826. Vice Presidente do Senado - 1827 e Presidente do Senado -  1837. Cavaleiro da Ordem de Cristo - 1802. Conselheiro da Fazenda - 1808. Fidalgo Cavaleiro da Casa Real -1809. Cavaleiro da Ordem de Cristo - 1811. Foi agraciado com uma vida na Comenda da Ordem de Cristo, que já possuía, para se verificar em favor de seu filho, Dr. Antônio Luiz Figueira Pereira da Cunha - 1821. Dignitário da Imperial Ordem do Cruzeiro - 1824. Conselheiro de Estado (1º Conselho) - 1824.O marquês de Inhambupe casou três vezes: em primeiras núpcias, com Isabel Joaquina de Assis, nascida em Portugal; em segundas núpcias, por volta de 1789, em Torres Vedras, onde servia no cargo de Juiz de Fora, com Erculana Felizarda Figueira, filha de Manuel Ignácio de Figueira Cardoso, nascida em Torres Vedras, Portugal, e falecida no Recife em agosto de 1796, quando seu marido exercia o cargo de Ouvidor. ; e, em terceiras núpcias, a 13.12.1801, em Lisboa, com Maria Joaquina Gerlen da Rocha Dantas e Mendonça , nascida em 1785, Freg. de Serro Frio, MG e falecida a  2.3.1861, no Rio de Janeiro
Antonio Luiz Pereira da Cunha, marquês de Inhambuque
X (3)
3. Maria Joaquina Gerleu da Rocha Dantas e Mendonça
* Freguesia de Serro Frio, MG, 1785, + no Rio de Janeiro em 1861

Avós
4. Bartolomeu Pereira da Silva
X
5. Ana da Cunha Barbosa (também registrda com Ana Bárbara da Cunha)
6. Desembargador Conselheiro João da Roxa Dantas e Mendonça
X
7. Rita Quitéria Gerlem da Roxa

Bisavós
1.     Capitão de infantaria Manoel Pereira da Silva, comandante da Fortaleza de S. Felipe e Santiago da ribeira, + Conceição da Praia 1768
X
2.     Maria Vitória da Encarnação
Natural da Bahia como o esposo
3.     Sargento-mór Antonio Ferreira da Cunha Velho,
+ 1771
X
4.     Francisca  Xavier das Chagas
Natural da Bahia como o esposo

Trisavôs

16. Francisco Ferreira
X
17. Ursula de Miranda

Filhos de Mariana Carolina da Fontoura Palmeiro:

a) do 1º casamento:

I. Mariana Palmeiro Barreto
* em Porto Alegre a 5 de novembro de 1834, batizada a 7 de abril de 1837, ali + solteira a 19 de julho de 1916
II. Corina Palmeiro Barreto (cf. adiante, I)
III. Francisca Pereira Pinto
* Rio Grande a 4 de maio de 1839, +  na mesma cidade, a 27 de outubro de 1839

b) do 2º casamento:

IV. Maria Eulália Palmeiro Pereira da Cunha
* em Porto Alegre a 16 de novembro de 1845, batizada a 9 de maio de 1846, ali + a 2 de agosto de 1850

V.  Manoel, batizado em Porto Alegre a 7 de agosto de 1850, tendo + no dia seguinte, com 5 mêses.

VI. Branca Margarida, * em Porto Alegre a 26 de julho de 1851, batizada a 6 de abril de 1852.

VII. Mariana Pereira da Cunha (cf. adiante, II.)

VIII. Morena, * em Porto Alegre a 9 de agosto de 1858, batizada a 4 de julho de 1860, ali + solteira a 14 de outubro de 1874

IX. Edmundo Palmeiro Pereira da Cunha (cf.  adiante, III.)

X. Dr. Fernando Palmeiro Pereira da Cunha
*  Porto Alegre, onde + solteiro a 15 de dezembro de 1875, com 22 anos de idade. Médico ou bacharel em Direito?

XI. Rolinha Palmeiro Pereira da Cunha (cf. adiante, IV).


I. Corina Palmeiro Barreto


Corina Palmeiro Barreto
* em Porto Alegre a 16 de janeiro de 1839, e ali + a 28 de outubro de 1921
X em Porto Alegre a 25 de maio de 1859 com o dr. Luiz da Silva Flores, * em Rio Grande em 1817, + Rio de Janeiro  a 16 de julho de 1880.
Filho de Tomaz Francisco Flores e de Francisca Rosa da Silva (ele era viúvo de Maria da Glória Tompson, * Niterói em 1824, fiha do major Ricardo Tompson e de Izabel Carlota de Azevedo).

Será o acima citado dr. Luiz da Silva Flores, o mesmo a que a Wikipédia, a enciclopédia livre, dedica um verbete? Os dados acima, da GRG, p. 40, correspondem em boa parte com os da Wikipedia. Esta não dá as suas datas de nascimento e falecimento, só os locais. O nome “Thompson” deve ser a forma correta e não “Tompson”. O pai de Maria da Glória se chamaria Ricardo (Richard) ou Jayme? Seria major ou capitão de fragata? A Wikipedia, enfim, ignora o segundo casamento com Corina Palmeiro Barreto e sua descendência de tal matrimônio.


Luís da Silva Flores, mais conhecido como Dr. Flores (* Porto Alegre, + Rio de Janeiro) foi um conceituado médico gaúcho. Ligado ao Partido Liberal, foi deputado provincial do Rio Grande do Sul em diversas vezes consecutivas: da 2ª Legislatura  até 1863. Na legislatura de 1862 defendeu a criação de escolas nas colônias alemãs. Em Porto Alegre, em 1873, a Câmara Municipal alterou o nome de uma rua central para Rua Doutor Flores, em homenagem ao ilustre médico, antigo morador da rua. Esteve presente na cerimônia de lançamento da pedra fundamental do Hospício Sâo Pedro, em 1879, quando era deputado geral e seu filho, Carlos Thompson Flores, presidente da província.
Foi casado com Maria da Glória Thompson, filha do Capitão de Fragata da esquadra inglesa, Jayme Thompson. Pai de Carlos Thompson Flores (1843-1904) e Luís da Silva Flores Filho (* 1843), portanto meio irmãos das abaixo citadas Mariana e Luiza Barreto Flores. O primeiro foi  político, vice-presidente da Província do Rio Grande do Sul (1878-1880) e presidente interino da mesma Província (1879-1880) e já na república desembargador do Superior Tribunal de Justiça do Estado, fundador e primeiro diretor da Faculdade de Direito de Porto Alegre; é o iniciador da conceituada familia Thompson Flores. Já o dr. Luis da Silva Flores Filho foi médico e político, tendo participado da Guerra do Paraguai. 
Filhos:
§ 1. Mariana Barreto Flores (cf. adiante, § 1.)
§ 2. Luiza Barreto Flores (cf. adiante, § 2.)


§ 1. Mariana Barreto Flores


Mariana Barreto Flores
* em Porto Alegre a 5 de maio de 1860, ali + a 11 de agosto de 1886
X em Porto Alegre, a 15 de maio de 1877 com seu tio dr. Edmundo Palmeiro Pereira da Cunha, + a 31 de dezembro de 1887  (cf. adiante)


§ 2. Luiza Barreto Flores


Luiza Barreto Flores
* em Porto Alegre a 14 de setembro de 1864
X em Porto Alegre a 14 de setembro de 1882 com o dr. João Frederico Abbott
 * 6 de fevereiro de 1856, + 1925
Sobre ele diz a Wikipedia (acessada a 5.5.2011):
Republicano e abolicionista, era integrante do Partido Republicano Rio-grandense, foi eleito deputado à Constituinte Estadual de 1891, após a Proclamação da República. Também foi secretário do governo do estado, durante a gestão de Júlio de Castilhos e no primeiro mandato de Borges de Medeiros. Envolveu-se com a política por pouco tempo, voltando ao exercício da medicina. Sempre apoiou as campanhas de seu irmão, Fernando Abbott, que foi governador do Estado do Rio Grande do Sul em duas breves ocasiões

Filho do dr. Jonatas Abbott (* na Bahia) e de Zeferina Fernandes Barboza . Neto paterno do dr. Jonatas Abbott (* na Inglaterra): neto materno de Joaquim Fernandes Barboza e de Maria das Mercês. O dr. João Frederico Abbott era tio de Olga Abbott, esposa de Aluisio Palmeiro de Escobar (cf.  II.2.5.1. – cf. ali nota sobre a família Abbott).

Filhos (cf.  Celso Martins Schröder in Anuário Genealógico Brasileiro, ano II, 1940, p. 256):
1. Ophelia Flores Abbott (cf. adiante, 1.)
2. Luiz Flores Abbott (cf. adiante, 2.)
3. João Frederico Abbott Filho (cf. adiante, 3.)
4. Heloisa Flores Abbott (cf. adiante, 4.)
5. Corina Flores Abbott (cf. adiante, 5.)

[num site genealógico sobre a família Feijó (de autoria de Luiz Antonio Alves?):  www.fuj.com.br/files/3VryrFOOC5F23rS.doc - Similares (acessado a 5.5.2011)
 aparece Maria José da Silva Santo (* 1879), casada com o coronel Eliezer Abbott (1877-1937), sendo que este é dito filho de João Frederico Abbott e de Luiza Barreto Filho. Na obra do general Borges Fortes Troncos Seculares, repetida no trabalho acima citado de Celso Martins Schröeder, o cel. Eliezer Abbott é o filho mais moço dos dez filhos do dr. Jonathas Abbott Filho, portanto irmão e não filho de João Frederico Abbott]


1. Ophelia Flores Abbott


Ophelia Flores Abbott
X Guilherme Linck
Filhos:
1) Mario Abbott Linck
2) Luiza Corina Abbott Linck


2.    Luiz Flores Abbott


Luiz Flores Abbott
X Rita Montojos
Filha: Corina Montojos Abbott (ou Corina Abbott Montojos?)


3. João Frederico Abbott Filho


João Frederico Abbott Filho
X com sua prima Dora Pinto Abbott
Filha de Raul Abbott e de Rita Barreto Pereira Pinto, Dora Pinto Abbott é irmã de Olga Pinto Abbott, esposa de Aluízio de Escobar (cf. II.2.5.1.)


1.    Heloisa Flores Abbott


Heloisa Flores Abbott
X Dr. Sólon de Miranda Galvão, + a 18 de maio de 1949 com 59 anos
Conceituado odontólogo de Natal,  Rio Grande do Norte. Foi o primeiro norte-rio-grandense a se formar em Odontologia, em 1910, no Rio de Janeiro.É o patrono do Museu de Odontologia da Academia Norte-Rio-Grandense de Odontologia

Filhos:
1) Fernando Abbott Galvão
2) Dr. Clemente Abbott Galvão (Clemente Galvão Neto) – odontólogo diretor vitalício do Museu Dr. Sólon de Miranda Galvão
3) João Frederico Abbott Galvão
4) Luiz Carlos Abbott Galvão


1) Embaixador Fernando Abbott Galvão


Embaixador Fernando Abbott Galvão
* em Natal, 15 de setembro de 1922, + na mesma cidade, 15 de abril de 2009

Foi um diplomata, educador, político e escritor. A ele dedica um verbete a Wikipedia, a enciclopédia livre (acessada a 6.5.2011).

Cursou ginásio em Belo Horizonte e depois seguiu para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito, pela Universidade do Brasil, em 1948. Chegou a receber treinamento, como Segundo Tenente, para servir na Segunda Guerra Mundial, mas a Guerra terminou antes que seu batalhão embarcasse. Em 1951, já de volta a Natal, foi professor de português e de literatura brasileira e portuguesa no Colégio Marista, onde havia cursado o primário. No mesmo ano foi eleito deputado estadual.

Logo seguiu para o Rio de Janeiro, no entanto, para dedicar-se aos estudos para o concurso do Instituto Rio Branco. Ainda em 1951, foi aprovado em um concurso que teve 86 candidatos e apenas 9 aprovados. Concluiu, como primeiro de turma, o Curso de Preparação para a Carreira Diplomática dois anos mais tarde, momento em que recebeu seu diploma das mãos do então presidente Getúlio Vargas.

Como prêmio por sua colocação no Curso, estagiou nas missões permanentes brasileiras junto à ONU e à OEA, em Nova York e Washington, respectivamente. Em 1955, foi transferido para a missão junto às Nações Unidas, onde foi chefiado pelo Embaixador Cyro de Freitas Valle, possivelmente o homem que mais admirou ao longo de toda a carreira. Em 1959, foi removido para a Embaixada do Brasil em Caracas, onde serviu por três anos, antes de retornar ao Rio de Janeiro. Já em 1964, foi transferido para a Embaixada em Lisboa, cidade onde serviu duas vezes. De Lisboa, retornou ao Brasil em 1968, onde serviu como adjunto da Assessoria Especial de Relações Públicas do Palácio do Planalto, já em Brasília. Em 1970, foi removido para Zurique para exercer o cargo de Cônsul-Geral. Cumulativamente, foi Cônsul também em Vaduz.

Três anos mais tarde, retornou ao Brasil para concorrer ao governo do Estado do Rio Grande do Norte. Nas eleições de 1974, ainda não diretas, foi derrotado por Tarcísio Maia.

Em 1975, seguiu para Lisboa, onde serviu como Cônsul-Geral por cinco anos e meio. Foi removido então para São Salvador, onde serviu como Embaixador durante a Guerra Civil daquele país. Seu último posto, entre 1983 e 1987, foi Lagos, onde serviu como Embaixador à época em que a cidade ainda era capital da Nigéria. Cumulativamente, serviu também como Embaixador no Benin, aonde foi apenas uma vez, para apresentar as suas Cartas Credenciais.  Aposentou-se em Natal em 1987.

Em 2007, publicou O Diário de Jonathas Abbott (Editora Francisco Alves) após quase uma década de pesquisas para a elaboração das notas de rodapé e de uma pequena biografia de Jonathas Abbott, seu trisavô, incluída na obra. Preparou, também, uma coletânea, ainda não publicada, de artigos sobre a política do Rio Grande do Norte que escrevia regularmente para jornais locais antes de ingressar no Instituto Rio Branco. Outra coleção que também pretendia publicar é uma de cartas entre três Embaixadores. Finalmente, havia começado a esboçar o Relatório Final, suas memórias, para as quais havia organizado documentos de acordo com os capítulos que pretendia escrever.

O Embaixador Fernando Abbott Galvão morreu repentinamente, de uma parada cardíaca, quando se preparava para fazer um eletrocardiograma de rotina.

Condecorações: grão-cruz da Ordem de Rio Branco, Brasil, grão-cruz da Ordem Nacional José Matías Delgado, El Salvador, grão-cruz da Ordem do Infante Dom Henrique, Portugal, Grande oficial da Ordem do Mérito das Forças Armadas, Brasil, grande oficial da Ordem do Mérito Militar, Brasil, Grande Oficial, Comendador da Ordem Militar de Cristo, Portugal, Oficial da Ordem do Mérito Naval, Brasil, Oficial da Ordem da República Federal, Nigéria, Prêmio Rio Branco, Brasil, Medalha de Vermeil, Medalha Lauro Müller, Brasil.

  
Transcrevemos aqui a parte mais substancial do artigo do escritor Valério Mesquita no jornal “Tribuna do Norte”, de Natal, de 26 de maio de 2009: 

O Rio Grande do Norte perdeu recentemente um dos seus filhos mais ilustres. O embaixador Galvão, como era conhecido nos meios do Itamaraty, exerceu a carreira de forma ativa e permanente, após obter a primeira colocação em sua turma no Instituto Rio Branco em 1953. De família tradicional do Estado, logo cedo revelou seus pendores para a vida diplomática. A dignidade pessoal, a seriedade com que enfrentava obstáculos, a fidelidade aos princípios  filosóficos que acreditava e a firmeza como defendia seus pontos de vista, foram os pontos cardeais, de sua vida. Testemunhei mais de perto, quando, por algum tempo, fui alvo com outros amigos da fidalguia com que nos recebia semanalmente em sua casa, no alto da Candelária.

Presenciou fatos que hoje comumente encontramos em livros de história, como o famoso protesto do líder soviético Nikita Krustchev na Assembléia Geral da ONU e a guerra civil em El Salvador. Interagiu com personalidades de reconhecido relevo histórico, como o escritor Guimarães Rosa; os ex-presidentes brasileiros Getúlio Vargas e Café Filho; com o ex-secretário-geral das Nações Unidas Dag Hammarskjöld; e o ex-presidente português Mário Soares. (...)

Na fisionomia austera, escondia a bonomia de gostos e de gestos na arte de receber ao lado da companheira por toda vida Sônia Bezerra Galvão. Eram nas tardes de terça-feira - que pontificavam Clemente Galvão (seu devotado irmão), Antomar Ferreira de Souza, Lauro Gonçalves Bezerra, Kleber de Carvalho Bezerra, Jácio Fiúza, José Silveira Pinto e eu (formando a "bancada pessedista), o "bispo de Taipu", Inácio Magalhães de Sena, José Anchieta e Marcelo Carvalho. A pauta era livre e a bronca também. Da cultura a política, do memorialismo aos usos e costumes. Permeava as discussões um lanche saboroso que apascentava a disposição dos confrades. Ao cair da tarde, quando luzia lá fora a primeira estrela vespertina, anunciando a noite de Natal, voltávamos todos as nossas casas, guardando o aceno e o sorriso do anfitrião.

Recentemente, o mestre Fernando Galvão lançou o livro "O Diário de Jonathas Abbott", seu trisavô, prefaciado pelo embaixador Rubens Ricúpero, que mereceu destaque de página inteira na revista "Veja" e comentários nos dois jornais de maior circulação do país, a "Folha de São Paulo" e "O Globo".

(...) O seu amor a Natal onde viveu a infância e grande parte da juventude, o fez retornar às raízes para desfrutar da aposentadoria ao lado dos amigos e parentes. Foi um cidadão do mundo mas a Cidade do Sol era o seu universo, até acolhê-lo ao solo para o descanso eterno.
Transcrevemos também o artigo do Dr. Olimpio Maciel, publicado na imprensa a 29 de setembro de 2009: http://www.institutojosejorgemaciel.org.br/Full/index.php?option=com_content&view=article&id=105:uma-tarde-com-fernando-abbott-galvao&catid=1:latest-news&Itemid=50
Um grande homem se distingue não unicamente pelas grandes coisas de que se mostra capaz, mas sim pelos pequenos gestos, que em suas mãos ganham distinção e grandeza. A vida do embaixador Fernando Abbott Galvão, cujo ciclo se fechou no dia 15 de abril passado, encerra essa lição de simplicidade e elegância quando, sempre no final da tarde de cada terça-feira, recebia os amigos para não apenas trocar amabilidades em torno de uma chávena de chá, acompanhada de algumas madalenas proustianas, mas sobretudo para exercer o civilizado rito da convivência, da conversação no mais elevado nível, a qual era propiciada pelo aconchego de sua sala de estar improvisada em salão artístico-literário.
Políticos, intelectuais, escritores, familiares e amigos chegados costumavam atender ao chamado do embaixador para um happy hour capaz de dar ares aristocráticos a uma trivial terça-feira. Algumas vezes a solicitude do gesto de Fernando Abbott Galvão nos retirou de uma rotina habitualmente estressante, de médico, para nos dar acolhida no seleto círculo dos seus convidados.
Numa dessas vezes, fomos objeto de sua generosidade mais simpática, quando recebemos de suas mãos uma coleção de livros de autoria do médico norte-rio-grandense Januário Cicco, bem como uma coleção de fotos enfocando a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, onde o meu pai estudou. Nessa ocasião, éramos presidente do Memorial de Medicina do Rio Grande do Norte. Interpretei o gesto como uma deferência para com a classe médica norte-rio-grandense, cujas raízes remontam ao seu trisavô Jonathas Abbott , médico – sobre quem escreveu o livro O diário de Jonathas Abbott –, e a seu pai, Sólon de Miranda Galvão. Essa tradição médica da família do embaixador era tão arraigada que o levou, por um momento, a namorar a medicina, só a trocando pelas letras jurídicas após demorados testes vocacionais a que se submeteu na juventude e cujo diagnóstico estoicamente acatou.
Aluno acima da média, Fernando Abbott Galvão se distinguiu no curso de direito da Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Ao voltar para Natal, não teve dificuldade em conseguir uma colocação no exigente Colégio Santo Antônio. Ali lecionou Português, Literatura Brasileira e Literatura Portuguesa no início da década de 1950. Em 1951 assumiu a Assembléia Estadual do Rio Grande do Norte, por mandato popular, e ainda trabalhou como Assistente Jurídico no Instituto de Pensão e Aposentadoria do Estado do Rio de Janeiro.
Presidente Vargas e Abbott Galvão
O ponto de mutação em sua vida, após o qual nada voltaria a ser como antes, provinciano e previsível, foi sua aprovação em primeiro lugar no concurso de ingresso nos quadros do Instituto Rio Branco, no Rio de Janeiro, em 1952, fato que descortinou à sua frente uma carreira diplomática brilhante que culminaria, em 1987, com a promoção para Ministro de Primeira Classe no Quadro Especial do Itamaraty. Foi nesse posto que encerrou sua exemplar trajetória pelas representações diplomáticas do Brasil no exterior, em 1992.
Desde então, voltou-se exclusivamente para a família e os amigos. E que lugar mais indicado para receber a ambos senão os meetings das terças-feiras? Recordo ainda a expressão de contentamento com que o embaixador Abbot Galvão nos recebia nesses encontros e, em seguida, apresentava aos novos sua biblioteca, indicando o conteúdo de cada estante, onde se poderia encontrar desde a requintada Pleyade francesa, ali completa, até os estudos mais recentes sobre o escritor português Eça de Queirós, aliás, uma de suas especialidades literárias. Quando provocado, ele era capaz de discorrer sobre qualquer obra, temática ou personagem do vasto universo do autor de Os Maias. A coleção de objetos de arte que reunira como meticuloso colecionador eram outras pérolas do seu cenáculo.
Muitos outros assuntos animavam os saraus literários das terças-feiras na casa do embaixador Abbott Galvão, cuja memória paisagística e fisionômica o permitia descrever lugares e pessoas os mais longínquos, sempre que um fato recente o sugerisse. Mas era evidente que as questões ligadas à diplomacia brasileira de ontem e de hoje eram especialmente caras ao diplomata natalense que ganhou o mundo em missões as mais variadas, sempre na defesa dos interesses brasileiros e da ordem jurídica internacional.
O fato de ter auferido dezenas de comendas, medalhas e condecorações em suas funções diplomáticas, tanto no Brasil quanto no estrangeiro, indicam que sua carreira sempre prosseguiu em ritmo ascensional, acumulando experiências e assumindo novas responsabilidades compatíveis com sua crescente qualificação e competência.
A nosso ver, ele soube com distinção e galhardia servir dignamente ao seu país, à sua terra e aos seus amigos. Por dever de justiça merece, portanto, que o chamemos de um homem exemplar. Essa honraria, cremos, o coloca acima das condecorações e medalhas que amealhou em consequência do seu alto valor profissional, porque faz sobressair o valor mais íntimo do homem: sua essência moral.
X Sônia  Bezerra * Santa Cruz, no Trairi, RN
 Deixou três filhos (dois homens, ambos diplomatas, e uma mulher, casada com um diplomata) e seis netos.
Filhos:
(1)  Marcos Bezerra Abbott Galvão
(2) Luiz Fernando Bezerra Galvão
(3) Dora Bezerra Abbott Galvão

(1) Embaixador Marcos Bezerra Abbott Galvão


Embaixador Marcos Bezerra Abbott Galvão
* em Nova Iorque a 14 de janeiro de 1959
Diplomata, ingressou na carreira diplomática em 1980, tendo antes feito o Cursode Economia da Universidade de Brasília. Mestre em Relações Internacionais pela American University. Embaixador do Brasil no Japão (2011), sendo este o primeiro posto como embaixador. Estava em Tóquio por ocasião do grande terremoto e tsunami naquele país em março de 2011. Serviu no Paraguai, Inglaterra e  Estados Unidos, tendo participado de delegações internacionais. Chefiou a delegação brasileira durante o encontro dos ministros das Finanças do G-8 (oito países mais industrializados), que aconteceu na cidade de Osaka, em 2008. Galvão representou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Foi Chefe de Gabinete do Ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, Assessor Especial e Chefe de Gabinete do Ministro da Fazenda e Secretário de Assuntos Internacionais do mesmo Ministério

No Instituto Rio Branco foi Professor Assistente, coordenador, Orientador Profissional, Examinador nos Cursos de Aperfeiçoamento, Professor de Linguagem Diplomática, de Politica Externa e Paraninfo da turma Sérgio Vieira de Mello. Assumiu e chefiou várias Missões e Delegacões no Brasil e no Exterior.
É autor de dois livros sobre Relações Políticas e política externa e ganhou o prêmio Rio branco, Medalha de Ouro, como primeiro da turma no Curso de Preparação à Carreira de Diplomata do Instituto Rio Branco.
X Ana Maria Doria
Filhos:
A. Luiza Abbott Galvão
* em Assunção, Paraguai, 1987
Estuda (2010) Comunicação Social nos Estados Unidos.
B. Pedro Abbott Galvão
 *  em Assunção1988
Estuda  (2010) Administração no Canadá.

Embaixador Marcos Bezerra Abbott Galvão


(1) Conselheiro Luiz Fernando Abbott Galvão


Conselheiro Luiz Fernando Abbott Galvão
*  4 de abril de
Diplomata. Foi cônsul adjunto em Miami. Atualmente (2011) serve no Ministério das Relações Exteriores (Departamento da Europa), em  Brasília.

Luis Fernando Abbot Galvão do SECOM -  Serviço Comercial do Consulado Geral do Brasil em Miami, com o empresário  Aloysio Vasconcellos, do BBG - Brazilian Business Group (foto de 2009)


(3) Dora Bezerra Abbott Galvão


Dora Bezerra Abbott Galvão
X Luiz Sobreira Lopes
Diplomata. Fez o Curso de Economia da Universidade de Brasília, colega do embaixador Marcos Bezerra Lopes Galvão. Atualmente serve na representação diplomática do Brasil junto à Comunidade Européia, em Bruxelas.

Filho: Filipe Lopes
* 1983
Aluno do Instituto Rio Branco (2010)


5. Corina Flores Abbott


Corina Flores Abbott
X  com seu primo Henrique Carlos Guatimozin, filho do marechal Henrique Guatimosin Ferreira da Silva e de Olympia Sára Abbott (irmã do dr. João Frederico Abbott) (Henrique Carlos Guatimozin X 2 com Lilá Parreira e X 3 com Cecília Barboza de Mello).
Filha:  Heloisa Abbott Guatimozin - + solteira


II. Mariana Pereira da Cunha


Mariana Pereira da Cunha
* em Porto Alegre
X em Porto Alegre com o capitão de mar e guerra Frederico Guilherme Lorena, * no Rio Grande do Sul a 31 de março de 1839, + a 4 de abril de 1894, em Santa Catarina, fuzilado na fortaleza de Santa Cruz (Anhatomirim).
Estudou em Desterro, Santa Catarina por volta de 1850, no Colégio de Belas Artes. Dirigiu O Despertador, 1863-1885.
Foi um dos lideres da Revolta da Armada, de 1893. A revolta da esquadra no Rio de Janeiro ocorreu a 3 de setembro, sob a chefia do almirante Custódio José de Melo. Comandante do cruzador República, o capitão de mar e guerra Frederido Guilherme Lorena deixou o Rio de Janeiro, chegando, juntamente com o navio frigorífico Palas, a 23 de setembro junto à Ilha de Santa Catarina. Dois dias antes, em São Francisco, já Santa Catarina, mandou colher as somas dos cofres públicos e inutilizar a linha telegráfica.  Lançou manifesto ao povo catarinense, em 30 de setembro sobre os motivos da revolta contra o Presidente Floriano Peixoto, pedindo o apoio dos catarinenses:
“Operemos com firmeza e perseverança e ruirá por terra a tirania, deixando a nação entregue à posse de si mesma... Viva a República Federal! Viva o povo catarinense!” (Ao povo catarinense, em O Estado, 1-10-1893; A revolução da Esquadra libertadora, editorial de O Estado, 1 e 4 de outubro de 1893).

O desembarque de Frederico Lorena e demais oficiais vindos no República e no Palas se deu em 2 de outubro, quando se consumava inteiramente a capitulação da capital. Os chefes nacionais da Revolução Federalista se autonomearam governantes do país, em 14 de outubro. Desterro passou a ser sede de um Governo Federal paralelo ao de Floriano Peixoto. Ficou Presidente Provisório do Brasil Frederico Guilherme de Lorena. Nomeou ele, como Presidente, dois Ministros. Foi nomeado mesmo um Supremo Tribunal Federal. Em abril de 1894 a situação mudou em favor do Governo Floriano Peixoto. Dia 17 as tropas favoráveis a Floriano entraram em Desterro e dia 19 o Governo Provisório foi destituído. Assume o cel. Antonio Moreira César que executa vários opositores do Governo, entre os quais o capitão de mar e guerra (por vezes chamado de almirante) Frederico Guilherme Lorena.Este não quis fugir do Desterro ou não lhe foi dada a oportunidade na  hora da derrota. Homiziou-se no Pântano do Sul, mas foi denunciado e trazido para a prisão na capital, cujas ruas atravessou descalço, amarrado com cordas, como se fazia alhures com os escravos fugidos, mas nunca em Santa Catarina (cf. Oswaldo Rodrigues Cabral, "História de Santa Catarina", cit. in Celestino Sachet e Sérgio Sachet, "Santa Catarina, 100 anos de História", vol. I - Do Povoamento à Guerra do Contestado, Florianópolis 1997, p. 203). Frederido Guilherme de Lorena foi fuzilado na fortaleza de Santa Cruz, juntamente com seu sobrinho Pedro Lorena, aspirante de marinha, que com ele abraçou-se no momento da execução (cf. GRG).

Transcrevemos aqui um interessante artigo da revista “História Viva”, edição 9, julho de 2004(http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_tragedia_de_desterro_imprimir.html)

Em 16 de abril de 1894 chegava ao fim o revolucionário Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, que havia se insurgido numa guerra civil contra o governo central do marechal Floriano Peixoto.

Por seis meses, a cidade de Desterro, capital de Santa Catarina, foi sede dessa república independente, formada pela união dos revolucionários federalistas dos três Estados do sul do país com os também rebelados militares da Marinha Brasileira. Após a derrota, Desterro seria rebatizada como Florianópolis - em homenagem a Floriano - e dezenas de revoltosos seriam perseguidos, presos e sumariamente executados, em um dos capítulos mais sangrentos da história brasileira.

O episódio decisivo para o fim da revolta foi o combate naval travado na madrugada daquele 16 de abril, entre uma frota de 11 embarcações legalistas e o temido encouraçado Aquidaban. Líder da Revolta da Armada, como era então denominada a Marinha do Brasil, aquela embarcação representava o último elo de resistência contra o governo de Floriano. Passava das 11 horas da noite quando a frota legalista bombardeou a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, ao norte da cidade de Desterro.

AQUIDABAN

Fundeado um pouco ao sul da Fortaleza, o Aquidaban preparou-se para o combate. Às duas e meia da madrugada, o caça-torpedeira Gustavo Sampaio e outras três embarcações da frota legal iniciaram as manobras de ataque. O encouraçado só tomou conhecimento das torpedeiras inimigas quando distinguiu um vulto pela proa, a pouco mais de 200 metros. Ao reconhecê-las, o Aquidaban abriu fogo com seus poderosos canhões e suas metralhadoras. Porém, devido à proximidade do inimigo, os tiros dos canhões passaram alto, errando o alvo, e os disparos das metralhadoras causaram apenas um leve ferimento em um de seus oponentes.
As embarcações legalistas revidaram o ataque lançando três torpedos que, no entanto, também erraram o alvo. Vendo falhar os disparos, o Gustavo Sampaio deu a volta pela popa do adversário, lançando um quarto torpedo, desta vez atingindo de forma certeira a proa do Aquidaban. O impacto do torpedo foi bastante forte, alagando os compartimentos da proa. O Aquidaban ainda tentou seguir para mar aberto, mas teve de retornar para local mais raso, onde pôde descansar o casco no fundo.

O comandante e toda a sua tripulação logo abandonaram a embarcação avariada, buscando abrigo e retirada por terra. A utilização de torpedos em um combate naval só havia ocorrido em outras duas ocasiões, sendo aquela a primeira na história militar brasileira.

Naquela manhã de 16 de abril de 1894, o Aquidaban, a melhor embarcação da Marinha Brasileira, ia a pique e com ele a Revolução Federalista e a Revolta da Armada em Santa Catarina. Assim que em Desterro souberam do resultado do combate, os membros do governo revolucionário instalado na ilha catarinense fugiram para o continente. No dia 19 de abril, chegaria à cidade o coronel Antonio Moreira César, promovendo um sangrento "ajuste de contas" com os revoltosos vencidos.

O AUTORITARISMO DE FLORIANO

As causas desse turbilhão de acontecimentos, no entanto, começaram a fermentar alguns anos antes, com a Proclamação da República, em 1889. No Império, o poder militar do país concentrava-se na monarquista e nobiliárquica Marinha de Guerra. Com o novo regime, essa hegemonia transferiu-se para o Exército, composto em boa parte pela pequena burguesia.

Desde 1891 no comando da República, após a renúncia forçada de Deodoro da Fonseca, o vice-presidente Floriano Peixoto tomara uma série de medidas autoritárias: demitira governadores, aposentara e rebaixara militares, intimidara o poder judiciário e censurara a imprensa. As forças econômicas e políticas do sul do Brasil, por sua vez, continuavam se sentindo preteridas no cenário nacional. Existiam ainda os monarquistas, saudosos do antigo regime, e até republicanos e positivistas descontentes com os rumos militaristas assumidos pela República.

O repúdio aos atos de centralismo e autoritarismo praticados pelo governo era quase uma unanimidade nacional, unindo várias insatisfações políticas, militares e econômicas contra o governo ditatorial de Floriano.

Esse clima de tensão imperava no país quando, em 2 de fevereiro de 1893, iniciou-se no Rio Grande do Sul a Revolução Federalista, alguns dias depois da eleição, escandalosamente fraudulenta, de Júlio de Castilhos à presidência do estado. Em um dos lados, estavam os federalistas, também chamados "maragatos". Liderados por Silveira Martins, tinham Gumercindo Saraiva como seu verdadeiro chefe militar. Já os castilhistas, conhecidos como "pica-paus", contavam com o apoio de Floriano. A guerra civil espalhou-se pelos três Estados do sul, perdurou por 31 meses e foi marcada por atrocidades contra civis e militares.

As "sangras" ou degolas, e os fuzilamentos - execuções sumárias praticadas com requintes de crueldade por ambos os lados - vitimaram aproximadamente 10 mil pessoas, mortandade sem paralelo na história do Brasil.

Por sua vez, no Rio de Janeiro, o almirante Custódio José de Melo, ex-ministro da Marinha, descontente com os atos de Floriano, e contando com o apoio de monarquistas e partidários de Deodoro, exigiu a renúncia do vice-presidente. Como o marechal não cedeu, parte da esquadra sob a liderança de Custódio de Melo rebelou-se, bombardeando a capital federal, em 6 de setembro de 1893, e dando início à Revolta da Armada. Logo depois, seguiu para o sul do país uma força-tarefa rebelde sob o comando do capitão-de-mar-e-guerra Frederico Guilherme de Lorena.

A intenção era estabelecer contato com as tropas federalistas que também se batiam contra o governo da União. Protegida pelo costado do encouraçado Aquidaban, a frota do comandante Lorena escapou da baía de Guanabara sob o fogo das fortalezas de Santa Cruz, São João e Lage, chegando à Ilha de Santa Catarina em 26 de setembro.

A decisão do comandante Lorena de seguir para Desterro, mesmo sem ordens superiores expressas para isso, é creditada ao fato de o governo estadual haver já se declarado contrário a Floriano. Outro motivo seria a posição estratégica da Ilha de Santa Catarina, porto abrigado e próximo aos conflitos do sul. O fato de Lorena ter passado a maior parte de sua infância em Desterro deve também ter pesado nessa decisão, que em breve selaria de forma drástica o seu próprio destino e o da cidade na qual crescera.

UMA NOVA REPÚBLICA NO SUL

Embora o governo civil de Santa Catarina fosse simpático aos federalistas, a Guarnição Militar permanecia fiel a Floriano. Assim, na manhã do dia 27 de setembro, os disparos da artilharia legalista, que havia se deslocado para o norte da Ilha de Santa Catarina, fizeram a frota rebelde recuar. Contornando a ilha e entrando pela baía sul a bordo do cruzador República, Lorena fundeou sua força-tarefa em frente à cidade de Desterro, de onde intimou a resistência legalista à rendição.

Com exceção do pequeno Forte de Santana, que contava com dois canhões Krupp, e a Capitania dos Portos, com um canhão Bange, as demais fortificações estavam guarnecidas apenas com o velho armamento do século XVIII, sem eficiência contra os modernos canhões das embarcações rebeldes. O comandante do Forte de Santana ainda fez reunir diversos canhões de ferro fundido, imprestáveis, que jaziam havia anos enterrados pela metade, enfeitando os logradouros públicos da cidade. Era uma tentativa desesperada de simular um poderio bélico de que não dispunha.

Mesmo inferiorizado, Santana trocou tiros com o cruzador República, que, fora do alcance daquela precária munição, bombardeou o forte com eficácia, forçando-o a um imediato cessar-fogo. No dia 29, reuniram-se 46 oficiais de diferentes patentes do Exército e da Armada que se achavam no Desterro. Assinaram os amistosos e honrosos termos do acordo de rendição da guarnição do Desterro. Aquele documento seria, posteriormente, a sentença de morte de muitos daqueles oficiais, fuzilados em Anhatomirim no ano seguinte.

A pacata cidade de Desterro, agora em poder dos revoltosos da Armada, seria proclamada capital daquela nova república. Em 14 de outubro de 1893, na frente do Palácio do Governo do Estado, o comandante Frederico de Lorena declarou instalado o Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil. O novo governo considerava-se separado da União, enquanto Floriano Peixoto não fosse deposto. Esse Governo Provisório almejava unir os rebeldes da Armada aos federalistas do Sul, com o objetivo comum de derrubar Floriano. Pretendia também justificar, perante outras nações, a solicitação do reconhecimento do estado de beligerância. Isso as obrigaria à neutralidade, impedindo o livre fornecimento de armas e munições ao governo legal.

Pouco tempo depois, essa suposta unidade se mostraria extremamente frágil e começaram a aflorar os desentendimentos entre os líderes da Revolta da Armada e os federalistas, em luta no Paraná e no Rio Grande do Sul. Estes últimos, na verdade, nunca se consideraram parte efetiva daquele militarizado Governo Provisório.

As várias correntes de pensamento, contrárias ao Governo Central, careciam de uma unidade ideológica, compondo um amálgama de interesses muitas vezes conflitantes. Eram separatistas, federalistas, republicanos "históricos" preteridos no poder, parlamentaristas, positivistas, militaristas, civilistas e monarquistas.

Junte-se a isso o surgimento de disputas por poder, conflitos entre lideranças locais, vaidades e ambições pessoais e políticas, além da falta de recursos para financiar a revolução. Esse conjunto de causas levou à desintegração do sonho de um governo revolucionário único. Na realidade, a oposição a Floriano era talvez o único ponto de convergência entre esses vários ideais. Fora motivo bastante para deflagrar uma revolta, mas insuficiente para sustentar um movimento coeso.

Em março de 1894, Frederico de Lorena entregou o Governo Provisório para uma junta governativa, e Floriano Peixoto conseguiu reorganizar suas forças navais e retomar o porto do Rio de Janeiro. Ingenuamente, os revoltosos consideravam a queda do marechal apenas uma questão de tempo. Por isso, menosprezaram a aquisição das novas embarcações européias e americanas pelo Governo Central, denominando jocosamente a frota florianista de "esquadra de papelão".

Com o insucesso da tomada de Rio Grande por Custódio de Melo, e a posterior entrega dos navios da frota rebelde ao governo argentino, ficaram em Desterro apenas o encouraçado Aquidaban e mais três pequenos vapores. Todos sob a frágil proteção das fortalezas da barra. Foi quando a esquadra legal partiu do Rio de Janeiro para a retomada do Sul.

Com a derrota do navio rebelde Aquidaban, no combate de 16 de abril de 1894, o movimento foi debelado em Santa Catarina e Desterro, retomada pelas tropas federais. Braço direito de Floriano Peixoto, o temido coronel Antônio Moreira César - cuja perversidade lhe valeria o apelido de corta-cabeças - chegou à cidade no dia 19. Com a função de delegado do governo federal, assumiu o governo militar do estado no dia 22 de abril. Chefiando com mão de ferro as forças de intervenção em Santa Catarina, e contando com o revanchismo das lideranças republicanas locais, Moreira César iniciou uma violenta represália aos vencidos. Tão sangrenta como foram as degolas praticadas no Rio Grande do Sul e no Paraná pelos dois lados em luta.

Na caça aos revoltosos, ele e seus auxiliares praticaram saques, estupros, incêndios e morticínio de cidadãos indefesos. Foi um tempo de terror, silêncio e traições, quando foram utilizadas as mais cruéis formas de coação e tortura. A fortaleza de Anhatomirim foi o principal palco desses acontecimentos, servindo de prisão e local de massacre para dezenas de revoltosos, que lá foram sumariamente fuzilados.

Um contemporâneo daqueles dias de violenta repressão aos federalistas foi o escritor e jornalista Duarte Schutel, que registrou: "Encheu-se de presos tudo o que podia servir de prisão.

Os calabouços e solitárias da cadeia comum, as salas da Câmara, o Quartel de Polícia, o de Linha e até o Teatro, tudo foi pouco, e foi preciso remeter para os navios de guerra os presos à medida que se enchia uma prisão, para fazer lugar aos que chegavam. Esses que embarcam levam destino da Fortaleza de Santa Cruz; deles bem poucos voltaram (...) o maior número, os outros, nunca mais regressaram dessa viagem porque uns não chegaram e muitos ali jazem para sempre (...). A capital catarinense viveu dias de terror, com a população temendo sair às ruas.
O silêncio, o recolhimento, o andar soturno dos habitantes horrorizados faziam contraste lúgubre com a algazarra e o desmando, com as petulantes maneiras e sinistras ameaças dos selvagens soldados, que enchiam as ruas e praças".

Os prisioneiros eram encaminhados à Anhatomirim e ficavam encarcerados nos calabouços no Paiol da Pólvora, na Casa do Comandante e no Quartel da Tropa. A recomendação de Moreira César ao comandante da Fortaleza para pô-los "em prisão segura" era uma senha previamente combinada para os fuzilamentos. As execuções foram comunicadas a Floriano em telegrama de 8 de maio de 1894, que dizia: "Marechal Floriano - Rio - Romualdo, Caldeira, Freitas e outros, fuzilados segundo vossas ordens - Antônio Moreira César". No entanto, nunca se conseguiu de fato provar a autenticidade desse telegrama.

Embora não se conheça o local exato das execuções, a Árvore dos Enforcados, um velho araçazeiro localizado no lado sudeste da ilha, teria sido, segundo a tradição oral, o local do enforcamento e fuzilamento de dezenas de prisioneiros. Ao contrário do fuzilamento, o enforcamento era considerado uma morte sem honra, destinada a criminosos comuns. O "ajuste de contas" de Moreira César promoveu prisões e execuções sumárias, atingindo tanto militares quanto civis, sem nenhum tipo de julgamento ou processo.

Por isso, o número exato de mortos nunca pôde ser levantado. Dentre as vítimas chacinadas na fortaleza constam o barão de Batovi, herói da Guerra do Paraguai, vários outros oficiais que haviam assinado a ata de rendição de Desterro e Frederico Guilherme de Lorena, presidente do Governo Provisório. Dependendo do historiador consultado, o número de mortos oscila entre 34 e 185 vítimas.

Muitos foram sepultados numa área gramada, no alto da Ilha de Anhatomirim, próximo ao farolete ainda existente na fortaleza. Outros podem ter sido jogados ao mar ou enterrados em covas rasas em algumas praias do continente em frente à fortaleza. Em 1913, os restos mortais de alguns dos fuzilados em Anhatomirim foram trazidos para o cemitério de Florianópolis e, em 1934, transladados para o Rio de Janeiro. Na lista de vítimas, encaminhada ao Ministério da Marinha pelo capitão dos portos Lucas Boiteux, constavam 43 nomes. No entanto, nunca foi revelada a fonte em que se baseou esta lista.
A culpa desse massacre não pode recair única e exclusivamente sobre Moreira César e seus principais auxiliares diretos, nem mesmo apenas sobre Floriano, mandatário maior do país. Ela deve ser compartilhada também com a classe política local e as demais instituições organizadas da época. Quando não compactuaram diretamente com os atos sanguinários de Moreira César, foram, na melhor hipótese, inertes e omissas aos seus desmandos arbitrários.

HOMENAGEM OU BAJULAÇÃO

Como golpe final na revolução, a cidade de Desterro mudaria seu nome para Florianópolis, numa controversa homenagem a Floriano Peixoto. Na verdade, o nome "Desterro" não agradava aos habitantes locais. Tanto que, em 1888, apresentara-se, na Assembléia Provincial, uma sugestão para que "Ondina" fosse adotado como novo nome da cidade, sem obter, no entanto, maioria para aprovação. Em 1892, Virgílio Várzea reapresentou o mesmo projeto, que não chegou a ser votado.

Outras denominações foram ainda propostas à época: Nossa Senhora da Baía Dupla, Boa Vista, Ponta Alegre e Redenção, entre outros. Finda a revolução, coube ao desembargador Vidal Capistrano, liderando os republicanos catarinenses, propor a mudança do nome para "Florianópolis", num ato público em 17 de maio de 1894.

Levado à consideração de Moreira César, o assunto foi entendido como de competência do Congresso Legislativo, pois sendo delegado do governo da União, tinha escrúpulos de decretar "o que tanto se almejava, para não passar o menor vislumbre de dúvida sobre a manifestação espontânea do povo". A proposta foi aprovada por unanimidade pelo Legislativo e efetivada pela Lei no 111, de 1o de outubro de 1894, sancionada já pelo novo governador, Hercílio Luz. O artigo primeiro da lei trazia a sucinta redação: "A actual Capital do Estado fica, desde já, denominada Florianópolis".

Como vemos, a mudança do nome da cidade ocorreu, não por imposição direta de Floriano ou Moreira César, mas por uma decisão consciente e soberana das elites políticas catarinenses - apesar de duvidosamente democrática, em função do clima de "caça às bruxas" ainda vigente naqueles meses.

Pode-se discutir se as motivações dessa mudança de nome se explicam pelas intenções bajulatórias e apressadas para homenagear a figura do dito "consolidador da República", ou pela necessidade de abrandar a sede de vingança de Moreira César, ou mesmo apenas pelo sádico prazer de eternizar naquele topônimo o golpe final sobre os federalistas vencidos. Independentemente de tomar partido daqueles que hoje defendem aquele batismo como uma homenagem consolidada, merecida ou não, ou daqueles que o refutam como uma humilhação, a ser ainda reparada, o que importa, sem dúvida, é ter consciência e clareza histórica dos fatos que culminaram naqueles acontecimentos.

TORPEDOS UTILIZADOS PELA PRIMEIRA VEZ NO BRASIL

O uso de torpedos em combate havia ocorrido somente na Guerra da Criméia, em 1854, e na Revolta Chilena, em 1891. Foram utilizados com êxito pela terceira vez na história do mundo e primeira no Brasil - no combate naval travado ao largo da Fortaleza de Anhatomirim, na baía norte da Ilha de Santa Catarina. Entre os quatro torpedos de 135 milímetros disparados pela esquadra legalista do marechal Floriano Peixoto, todos do modelo B-57, de fabricação alemã, três deles não atingiram o encouraçado Aquidaban nem nenhum outro alvo. Um desses artefatos foi encontrado por pescadores há alguns anos e levado para o Museu Naval da Marinha, no Rio de Janeiro, onde se encontra até hoje exposto no pátio daquela instituição. Dois outros torpedos ainda permanecem no fundo do mar, em Santa Catarina, à espera de um resgate arqueológico.

AS MELHORES EMBARCAÇÕES DA ARMADA BRASILEIRA

As duas embarcações mais notáveis da Armada, como era chamada no século XIX a Marinha Brasileira, lutaram em lados opostos durante a revolta de 1893/1894. O caça-torpedeira Gustavo Sampaio, fabricado em aço pelos ingleses, em 1893, era o melhor navio adquirido pela esquadra legal. Pesava aproximadamente 498 toneladas, media em torno de 62 metros de comprimento, chegando a desenvolver velocidade de 18 nós. Era armado com dois canhões de 120 milímetros, e outros quatro de 47 milímetros. Possuía ainda três tubos lança-torpedos de 135 milímetros. O encouraçado Aquidaban, também fabricado em aço, foi adquirido da Inglaterra em 1886. Era a principal embarcação da Marinha quando liderou a frota revoltosa contra o governo de Floriano Peixoto. Pesava aproximadamente 5 mil toneladas, media em torno de 93 metros de comprimento por 17 metros de largura, chegando a desenvolver velocidade de 16 nós. Era armado com oito canhões de 225 e 140 milímetros, 11 metralhadoras de 25 milímetros, outras cinco de 11 milímetros, além de cinco tubos lança-torpedos. Depois de ir a pique no combate de abril de 1894, ocorrido junto à Fortaleza de Anhatomirim, em Santa Catarina, o Aquidaban seria recuperado e reformado na Alemanha e Inglaterra. Em janeiro de 1906, explodiria acidentalmente numa missão de rotina, naufragando na Ponta da Jacuacanga, em Angra dos Reis (RJ), e levando 112 pessoas à morte.

Para saber mais
CALDAS, Cândido. História Militar da Ilha de Santa Catarina: Notas. Florianópolis: Editora Lunardelli, 1992.

MARTINS, Hélio Leôncio. História Naval Brasileira: quinto volume, Tomo IA. Rio de Janeiro: Ministério da Marinha/Serviço de Documentação da Marinha, 1995.

SCHUTEL, Duarte Paranhos. A República Vista do Meu Canto. Florianópolis: Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, 2002.

TONERA, Roberto. Fortalezas Multimídia. Florianópolis: Editora da UFSC, Projeto Fortalezas Multimídia, 2001 (CD-ROM).
© Duetto Editorial. Todos os direitos reservados.

Filhos de Mariana Pereira da Cunha e do capitão de mar e guerra Frederico Guilherme Lorena:

§ 1. Um filho falecido no mar.
§ 2. Frederico Lorena, falecido solteiro.
§ 3. Olga Lorena,  X ...
§ 4. Dagmar Lorena
§ 5. Dinorá Lorena
   X com Augusto Cezar Boisson
§ 6. Elza Lorena, X ....
§ 7. Nair Lorena, X...


III. Dr. Edmundo Palmeiro Pereira da Cunha


Dr. Edmundo Palmeiro Pereira da Cunha
* em Porto Alegre a 25 de fevereiro de 1856, foi batizado a 4 de julho de 1860, + em Porto Alegre a 31 de dezembro de 1887

Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de S. Paulo (1876) – Juiz da Comarca de Porto Alegre

X em Porto Alegre com sua sobrinha Mariana Barreto Flores, * em Porto Alegre a 5 de maio de 1860, + 1886
Filha do dr. Luiz da Silva Flores e de Corina Palmeiro Barreto (cf. V.2.1.).
Filhos (órfãos de pai e mãe, criados pela avó materna, Corina, viúva do Dr. Flores):
§ 1. Corina Pereira da Cunha (cf. abaixo, § 1.)
§ 2. Manoel Luiz Pereira da Cunha (§ 2.)
§ 3. Dagmar Pereira da Cunha
§ 4. Mariana Pereira da Cunha


§ 1. Corina Pereira da Cunha


Corina Pereira da Cunha
* em Porto Alegre a 10 de outubro de 1878
X em Porto Alegre a 25 de maio de 1895 com Ruben Abbot, filho do dr. Jonatas Abbott Filho (* 1825) e de Zeferina Fernandes Barbosa. Ele era neto materno de Joaquim Fernandes Barbosa e de Maria das Mercês.
(Sobre a família Abbott cf. o que escrevemos sobre Olga Abbott, esposa do dr. Aluisio Palmeiro de Escobar e o dr. João Frederico Abbott, marido de Luiza Barreto Flores).
Filhos (cf. Anuário Genealógico Brasileiro, ano II, 1940, p. 257):

1. Inah da Cunha Abbott (cf. abaixo, 1.)
2.  Marina da Cunha Abbott (cf. abaixo, 2.)
3. Regina da Cunha Abbott (cf. abaixo, 3.)
4. Guilherme Abbott (cf. abaixo, 4.)
5. Ruben Abbott Filho (cf. abaixo, 5.)
6. Yvette da Cunha Abbott (cf. abaixo, 6.)
7. Corina Mariana da Cunha Abbott
8. Carlos Eduardo da Cunha Abbott


1.    Inah da Cunha Abbott


Inah da Cunha Abbott
X com o general Júlio Mario de Castro Pinto, médico militar
Filhos:

1)  Ruben Alberto Abbott Pinto (cf. abaixo, 1) )
2) Júlio Mário Abbott Pinto (cf. abaixo, 2) )
3) Luiz Carlos Abbott Pinto
4) Helio Gerson Abbott Pinto, militar
5) Antonio Ney Abbott Pinto
6) Roberto Flávio Abbott Pinto
7) Murillo César Abbott Pinto
8) Myriam Thereza Abbott Pinto


1) Ruben Alberto Abbott Pinto


Ruben Alberto Abbott Pinto
Médico militar
X Clotilde Gonçalves


2) Júlio Mário Abbott Pinto


Júlio Mário Abbott Pinto
* em Campo Grande, Mato Grosso, a 27 de novembro de 1914

Advogado, jurista, jornalista e político, tendo sido prefeito de Três Lagoas, deputado estadual e deputado federal pelo então Estado de Mato Grosso.



A Wikipedia dedica-lhe um verbete http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_M%C3%A1rio_Abott_de_Castro_Pinto, acessado dia 15.5.2011), em que é dito notadamente:
Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, aos 6 de dezembro de 1936 e em setembro de 1937 assumiu as funções de promotor de justiça da Comarca de Três Lagoas. Em 1939, foi apontado pelo então interventor federal no Estado de Mato Grosso, Júlio Müller, como Pretor da 3ª Circunscrição Judiciária, sendo designado para ocupar a Comarca de Paranaíba. Lá permaneceu até 1941, exonerando-se para se dedicar à advocacia a ao magistério na cidade de Campo Grande. Em 1943, regressou a Paranaíba, onde fixou residência e advogou até 1945, quando foi nomeado pelo então governador interino Olegário de Barros, no Governo Linhares, prefeito da cidade de Três Lagoas. Passou, desde então, a residir nessa cidade, de onde só se afastou para ir exercer a funções de deputado estadual em Cuiabá durante a legislatura 1950-1954. Na mesma, foi sucessivamente líder da bancada da UDN e presidente da Assembléia Legislativa. A seguir, foi eleito deputado federal na legislatura 1954-1958. Em ambos os mandatos, portou-se com dignidade e dedicação para com Mato Grosso e principalmente para com a região que representava, tendo prestado relevantes serviços à comunidade matogrossense. Foi candidato a deputado federal nas eleições de 1958, mas não se elegeu, permanecendo como suplente. De qualquer forma, foi convocado a exercer o mandato em Brasília. No pleito de 1962, foi candidato a senador da República e companheiro de chapa do Dr. João Villasboas. Como não lograsse vitória, voltou a advogar em Três Lagoas.
Concomitantemente com a advocacia, foi jornalista e diretor-proprietário do jornal "Gazeta do Comércio", o mais antigo semanário de Mato Grosso, fundado por Elmano Soares e editado em oficinas próprias na cidade de Três Lagoas. Tem vários artigos jurídicos publicados em revistas especializadas. Em sua faina parlamentar, destacou-se como relator de algumas comissões de inquérito procedidas na Câmara dos Deputados do Brasil.
Em Três Lagoas, criou a Colônia Agrícola da Ilha Comprida e a Escola D. Aquino Correia. São de sua autoria, também, os projetos para a criação dos municípios de Água Clara, Cassilândia, e a Comarca de Aparecida do Taboado.
X Nelly Lapagesse, filha do general  do Exército Victor Francisco Lapagesse, engenheiro, e de Castorina Guedes
Filhos:
(1) Maria Cecília de Castro Pinto
(2) Lílian Regina de Castro Pinto
(3) Luis Carlos de Castro Pinto, advogado e político


2. Marina da Cunha Abbott


Marina da Cunha Abbott
X (1) Dr. Annibal Coelho
    (2) Antonio Coelho

Filhos (do 1º casamento):
(1) Francisco Antonio  Abbot Coelho
(2) Fernando Isidoro  Abbot Coelho


2.    Regina da Cunha Abbott


Regina da Cunha Abbott
X Dr. Gilberto de Oliveira
Filhos:

(1) Ernesto Ruben de Oliveira
(2) Paulo Brenno de Oliveira
(3) Maria Lúcia, + solteira
(4) Luiz Carlos de Oliveira
(5) Mauro Márcio de Oliveira


1.    Guilherme da Cunha Abbott


Guilheme da Cunha Abbott

X   Rola de Barros

Filhos:

(1) Jenny de Barros Abbott
(2) Gerson de Barros Adden
(3) Getúlio de Barros Adden
(4) Ruben de Barros Abbott


5. Ruben  Abbott Filho


Ruben da Cunha Abbott
X
Zilda da Rocha. Sem filhos.


6. Yvette da Cunha Abbott


Yvette da Cunha Abbott, * Rio Grande do Sul
X Abílio Soares Neto
Nascido em São Paulo, onde estudou. Trabalhou no Banco do Brasil e exerceu suas funções de caixa em Campo Grande, MS; gerente da agência do Banco em Floriano, Piauí, foi em meados do ano de 1940 para idêntico posto em Uberlândia, MG, até meados de 1948. Destacou-se quando, na época do “zebu”, impulsionou a melhoria da raça pecuária, ajudando os fazendeiros e pecuaristas da região, trabalhando para evitar a quebra dos financiados do Banco, quando os auxílios prestados pelo Banco foram suspensos. Tal foi seu trabalho, que poucos fazendeiros foram prejudicados e o próprio Banco do Brasil somente, naquela época, suspendeu seu auxílio à praça por três semestres consecutivos. Posteriormente foi transferido  para a Matriz, no Rio de Janeiro, e depois aposentou-se. Voltou para Uberlândia,onde permaneceu até a morte (cf. Justificativa do vereador Antonio Carrijo ao projeto de lei, de 20 de junho de 2002, denominando Alameda Abílio Soares Neto, um logradouro público na cidade de Uberlândia.

Tiveram 9 filhos (5 mulheres e 3 homens):
1) Paulo Abbott Soares
2) Álvaro Abbott Soares
3) Yeda Abbott Soares
4) Zoe Abbott Soares
5) Abílio Soares Junior
6) Sheila Abbott Soares – advogada, solteira
7) Thais Abbott Soares
8)....
9).....


1) Álvaro Abbott Soares


Álvaro Abbott Soares 
foi funcionário do Banco do Brasil. Reside em Uberlândia
X Rosa Maria Ribeiro


2) Yeda Abbott Soares


Yeda Abbott  Soares

X João Gomes da Fonseca, funcionário do Banco do Brasil (aposentado já em 2002). Reside o casal em Uberlândia


3) Zoe Abbott Soares


Zoe  Abbott Soares

X Hermann Hugueney Filho, comerciante.Reside o casal em Uberlândia


4)Abílio Soares Junior


Abílio  Soares Soares Junior
Funcionário (já aposentado em 20202) do Banco do  Brasil. Reside em Uberlândia.
X Maria Inês Silva


5) Thais Abbott Soares


Thais Soares Fonseca

X) Luiz Eugenio Fonseca, responsável pelo Cartório (2º) do Registro Imobiliário de Uberlândia


§ 2. Eng. Manoel Luiz Pereira da Cunha


Eng. Manoel Luiz Pereira da Cunha
* em Porto Alegre a 21 de julho de 1880, + 9 de setembro de 1954

Engenheiro civil.Positivista (cunhado de Carlos Torres Gonçalves, cf. abaixo), foi diretor da Secretaria das Obras Públicas do Rio Grande do Sul (Diretoria de Viação Terrestre) justamente numa época em que no referido órgão era acentuada a presença de adeptos da “religião da humanidade”. Em carta a Miguel Lemos, em 1904, relatava que iniciou-se no positivismo quando cursava engenharia em Ouro Preto, por influência de Viriato Vargas, irmão de Getulio Vargas (cf. o estudo de Breno Antonio Sponchiado abaixo referido, p. 32). De fato parece ter sido mais simpatizante do que membro efetivo da Igreja (cf. op.cit., nota na p. 41).

X em Porto Alegre a 17 de maio de 1902 com Palmira de Bem e Canto, filha de Belchior de Bem e Canto e de Florinda de Freitas; neta paterna de Belchior de Bem e Canto e de N. Borba, natural de Bagé; neta materna de Patrício Rodrigues de Freitas.
Sem descendência.


§ 3. Dagmar Pereira da Cunha


Dagmar (Marzinha) Flores  Pereira da Cunha
* em Porto Alege a 29 de março de 1882
X em Porto Alegre civilmente a 7 de setembro e  seguindo o rito positivista (o primeiro no gênero no Rio Grande do Sul), em Porto Alegre a 26 de dezembro de 1903 com Carlos Torres Gonçalves, * em Rio Grande a 30 de junho de 1875, + no Rio de Janeiro a 19 de junho de 1974, poucos dias antes de completar 99 anos

Filho de Joaquim Antônio Gonçalves, negociante (natural do Porto, Portugal, + Rio Grande 1886) e de Virginia Torres (Rio Grande,1845-1922); neto materno de Joaquim da Costa Torres e de Leopoldina Orsi (a família materna de Carlos Torres Gonçalves era das mais antigas da região, dispondo de terras e estabelecimentos comerciais).

Fez o curso primário no Colégio Nossa Senhora da Conceição, dos jesuítas em São Leopoldo, tendo entre seus colegas o futuro arcebispo de Porto Alegre, Dom João Becker, com quem sempre manterá relações amistosas. Tudo indica que as primeiras noções sobre o positivisimo lhe tenham vindo dos irmãos mais velhos, Joaquim e Luis, que foram alunos da Escola Militar do Rio de Janeiro, um dos principais centros de difusão do ideário positivista no Brasil. Engenheiro civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro (1898). Estudante, em 1895 começou seu contato com a doutrina positivista, que seguiria pelo resto da vida. Voltando ao Rio Grande do Sul, passou a ocupar um lugar de destaque na propaganda da doutrina de Augusto Comte. Foi o primeiro membro do núcleo sul-rio-grandense de positivistas religiosos a aderir formalmente à Igreja Positivista do Brasil, o último confrade a ser admitido pessoalmente por Miguel Lemos (10 de maio de 1903, véspera do afastamento deste da direção daquela agremiação). Enfim, exerceu durante toda a vida grande apostolado positivista, tendo assumido, em 1906,  a direção da propaganda da Religião da Humanidade no Rio Grande do Sul. Em sua residência na rua Dr. Flores era feita a exposição dominical do Catecismo Positivista e as festas religiosas recomendadas pelo calendário positivista. Foi o responsável pela construção, no Campo da Redenção. da Capela Positivista de Porto Alegre, em terreno em parte de sua mãe. A pedra fundamental foi colocada a 19 de janeiro de 1911, 114º aniversário do nascimento de Augusto Comte. A obra, por falta de recursos, só pode ser iniciada em 1925, sendo finalmente inaugurada a 19 de janeiro de 1928. De fato, nunca será muito freqüentada. Uma audiência muito pequena lá ia aos domingos pela manhã, quando o eng. Luis de Farias Santos expunha o Catecismo Positivista, e nas datas festivas do calendário positiva. De qualquer forma, é a segunda sede, com forma exterior de templo, dos positivistas brasileiros, a outra localizando-se no Rio de Janeiro.

A Capela Positivista de Porto Alegre (Capela da Humanidade): Av. João Pessoa, 1059.

Vai ocorrer a partir de 1931 uma estagnação na propaganda do núcleo gaúcho da Igreja. Talvez o maior golpe para Torres Gonçalves tenha sido a perda do amigo Farias Santos, falecido em 1936 com 81 anos. Foi o xeque-mate contra a propaganda da Religião da Humanidade no Rio Grande do Sul.

Aposentado, no principio de 1937 transferiu-se, por motivo de saúde, com sua família para o Rio de Janeiro. Lá Carlos Torres Gonçalves e sua esposa Dagmar passaram a integrar a Delegação Executiva da Igreja Positivista do Brasil. Tornou-se um dos principais lideres daquela agremiação religiosa, publicando numerosos livretos e folhetos, principalmente acerca das relações internacionais, tendo em vista a Segunda Guerra Mundial. Denunciou muitas atitudes do Governo Vargas, não perdoando o Presidente pela revogação da Constituição Estadual de 14 de julho de 1891, pondo fim ao mais completo e duradouro projeto de aplicação a uma sociedade dos preceitos de Augusto Comte.

Foi um dos baluartes (talvez o último) da ortodoxia positivista no Brasil, ou seja guardião das tradições vindas dos fundadores Miguel Lemos e Teixeira Mendes, que seriam portadoras da vontade do “Mestre dos Mestres”, Augusto Comte, cuja obra está completa e não permite acréscimos nem releituras. Um exemplo  disso é a polêmica que manteve por longos anos, 1963-1971, com o filósofo Ivan Lins, também positivista, mas aceitando só parcialmente a orientação da Igreja, entendendo que o conjunto teórico de Comte devia ser readaptado às novas circunstâncias.

Faleceu no dia 19 de junho de 1974, poucos dias antes de completar 99 anos. Seu enterro foi de 2ª classe, pois assim era seu desejo. Ele sempre levou vida modesta de pessoa sem recursos – era um ardoroso admirador de São Francisco de Assis - e lutou para sustentar família de seis filhos, todos estudando em casa, com professores particulares (foi contra colocá-los em colégios... queria que os filhos homens fossem proletários e um deles só foi estudar Engenharia já adulto... as filhas só deveriam casar com positivistas e talvez por isso só uma contraiu matrimônio).  Dispensou o ritual positivista relativo à comemoração do 3º Domingo após o sepultamento, o que corresponde no Catolicismo a Missa de Sétimo Dia.

Carlos Torres Gonçalves
Foto na obra citada  de Mozart Pereira Soares

Atividade profissional: em 1898 trabalhou como diarista por um curto período na Comissão da Carta Cadastral da cidade do Rio de Janeiro. Em Porto Alegre trabalhou na Comissão de Estudos do Rio Jacuí (cujo chefe era o eng. José Joaquim Felizardo Júnior, de quem se tornou grande amigo) [Felizardo Junior, importante líder positivista no Rio Grande do Sul, foi o pai de Paulo Felizardo, esposo de Iracema Palmeiro Lopes, cf. II.2.6.1.]. Em 1899 foi nomeado para o cargo de 2º Condutor na Secretaria das Obras Públicas. Em 1901, quando 2º Condutor da Diretoria da Viação, foi nomeado pelo Presidente do Estado, Borges de Medeiros, para o cargo de Ajudante da Diretoria das Obras Públicas, Terras e Colonização, que constituía um reduto de positivistas religiosos. Em 1903 foi incumbido de dirigir a construção da estrada de rodagem “Júlio de Castilhos”, ligando o então povoado de Feliz (São Sebastião do Caí) aos campos de Vacaria. Na época era uma das mais importantes rodovias do Estado e a primeira construída sob boas condições técnicas. Aí permaneceu na direção até julho de 1906. No mesmo ano foi nomeado Chefe de Seção da Secretaria, substituindo Felizardo, que falecera. Em reorganização da Secretaria de Obras Públicas passou a ocupar a Direção da Diretoria de Terras e Colonização, permanecendo no cargo por 20 anos, durante os quais promoveu, prioritariamente, a legitimação das terras ocupadas desde longo tempo por posseiros. Para tão importante tarefa contou com a colaboração dos Chefes das Comissões de Terra existentes, notadamente dos engenheiros Frederico Westphalen, em Palmeira, e João de Abreu Dähne, em Santa Rosa, colônias fundadas na década de 1910. Torres Gonçalves projetou oito importantes povoados, sobressaindo o de Erexim, Santa Rosa e mais o da estação balneária de Irai. Tornou-se, por outro lado, como que um conselheiro de Borges de Medeiros, sobretudo em questões relativas aos pontos centrais da doutrina de Auguto Comte: política indigenista, questões trabalhistas, etc. A obra principal de Torres Gonçalves, que mais exigiu esforços e representa a consolidação de suas idéias e lutas para colocá-las em prática foi a elaboração e posterior aprovação, em 1922, de um novo regulamento de terras e colonização, substituindo o de 1900, considerado defasado. Com ele se quis aperfeiçoar a legislação da terra, acomodando-a ao novo Código Civil; simplificar a mesma legislação; instituir medidas especiais de proteção aos nacionais, tendentes a radicá-los ao solo; instituir medidas de proteção aos indígenas; sistematizar os trabalhos de colonização, mediante a sua subordinação às condições do meio físico e social do Rio Grande do Sul; sistematizar os trabalhos de organização dos povoados, subordinando-os à topografia local; estabelecer medidas especiais de defesa e aproveitamento das matas. Em 1925 redigiu instruções especiais para a execução do Serviço Florestal, tendo por objetivo impor penalidades ao abate clandestino de madeiras e erva-mate, reprimindo tais atividades. Estas instruções estabeleciam também áreas para a constituição de bosques do Estado em um percentual de 25% das terras destinadas à colonização. A destacar também que, trabalhando na Diretoria da Viação Fluvial da Secretaria de Obras Públicas, dedicou-se à solução de nossos problemas hidroviários, particularmente de Rio Grande, nosso único embarcadouro por mar.Deixou-nos posteriormente notável contribuição ao Plano Rodoviário do Estado.
Assumindo em 1928 a Presidência do Estado, Getúlio Vargas fez uma ampla reforma na administração pública estadual. Assim, a Diretoria de Terra e Colonização, que desde 1908 estavava sob a direção de Torres Gonçalves, foi extinta, sendo suas atribuições divididas entre outras diretorias então criadas. Torres Gonçalves foi então transferido para a Diretoria da Viação Fluvial (1929). Embora mantendo o mesmo status na hierarquia profissional, foi esvaziado politicamente. Anos mais tarde, em 1963, vai insinuar que isso teria ocorrido por razões de divergência de opiniões. Tais divergências, aliás, vão se acentuar no decorrer da era Vargas.
Em 1934 aposentou-se, após mais de 35 anos de trabalho na Secretaria Estadual de Obras Públicas, indo residir, em 1937, como dissemos acima, no Rio de Janeiro.

Sobre Carlos Torres Gonçalves, há vários estudos, alguns dos quais podem ser consultados na Internet. Nos valemos especialmente de “O Positivismo e a Colonização do Norte do Rio Grande do Sul”, de  Breno Antonio Sponchiado, dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História como requisito parcial para a obtenção do gru de Mestre (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da PUC/RS, Porto Alegre, janeiro de 2000)
Cf. também “Carlos Torres Gonçalves e o sexo altruísta: a conversão feminina à Religião da Humanidade em Porto Alegre no início do século XX”, de Paulo Ricardo Pezat, professor adjunto do Departamento de História e Antropologia da Universidade Federal de Pelotas, Doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul: in “Anos 90” Revista do Programa de Pós-Graduação em  História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul:
Naturalmente é mencionado no livro de Mozart Pereira Soares, “O Positivismo no Brasil – 200 anos de Augusto Comte”, Editora AGE-Editora da Universidade/UFRGS, Porto Alegre 1998, pp 166-172; 178-192.

Filhos:
1. Sofia Mariana Torres Gonçalves , * em Porto Alegre a 11 de fevereiro de 1905, + 2003.
    Sofia era o nome da empregada que atendeu Augusto Comte nos seus últimos quinze aos de vida e que foi por ele nomeada um de seus três  “anjos da guarda” (Sofia, Rosália, Clotilde), na condição de “filha espiritual” (Sophie Bliaux). Ficou solteira, o pai querendo que casasse só com um positivista. Como as demais irmãs solteiras, morou com os pais por toda a vida. Nenhum dos seis irmãos, quando chegou à idade adulta confirmou a adesão à Religião da Humanidade, embora todos tenham continuado a contriuir e a colaborar com a Igreja Positivista do Brasil.
2. Rosália Beatriz Gonçalves, * em Porto Alegre a 22 de abril de 1906
Levou o nome da mãe de Augusto Comte, Rosalie Boyer. Ficou solteira.
3. Clotilde Tereza Gonçalves (cf. adiante, 1.)
4. Jorge Baiardo Torres Gonçalves, * em Porto Alegre a 12 de julho de 1909
Trabalhou no Ministério do Trabalho.
5. Paulo Trajano Torres Gonçalves, * em Porto Alegre a  17 de agosto de 1910
Já adulto, formou-se em Engenharia pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro
6. Branca Marina Torres Gonçalves, *  em Porto Alegre a 11 de janeiro de 1912. Ficou solteira.


1. Clotilde Tereza Torres Gonçalves


Clotilde Tereza Torres Gonçalves
Tinha o nome da “esposa espiritual” de Augusto Comte (Clotilde).
*  em Porto Alegre a 24 de abril de 1908
X em Porto Alegre com o dr. Caio Escobar, médico, filho de Pedro Escobar e de Maria da Conceição Fontoura.
Filhos: 
1) Clotilde Maria Escobar, * em Porto Alegre a 2 de março de 1931
2) Lúcia Marina Escobar, * em Porto Alegre a 23 dezembro de 1932


§4. Mariana Pereira da Cunha


Mariana Pereira da Cunha
* em Porto Alegre a 11 de abril de 1884, ali + a 26 de novembro de 1924

X em Porto Alegre  com Cícero Cirne Carneiro, * em Porto Alegre a 3 de novembro de 1879
Filho do general Severiano Carneiro da Silva Rego (* na Bahia), voluntário com 18 anos, serviu na Guerra do Paraguai, e de Maria das Dores Cirne (* em Bagé); neto paterno do Dr.  João Carneiro da Silva Rego (* 1809, mesmo nome do pai), que foi Ministro da Justiça do Governo da revolução conhecida como “Sabinada” e de Irene de Albuquerque; neto materno de João Antonio Cirne (* na Paraíba) e de Maria Cirne (* de Bagé); bisneto paterno do Dr. João Carneiro da Silva Rego, que foi Presidente da República  proclamada na revolução da “Sabinada” e de Maria Felicia Barbosa de Oliveira (* na Bahia, 1786), filha do Dr. José Barbosa de Oliveira (1755-1824), bacharel em Direito formado pela Univesidade de Coimbra, advogado na Bahia (enviuvando, foi, em 1809, ordenado sacerdote, tendo sido cônego da Sé, Vigário Geral, Tesoureiro Mor, Vigário Capitular e Governador do Arcebispado), e de Felicia Maria da Penha de França de Morais; trineto paterno do Sargento mor de ordenanças Antonio Barbosa de Oliveira (* Porto, + c. 1783), fundador da família Barbosa de Oliveira no Brasil e na Bahia [a esta família pertence, entre outras figuras eminentes, Rui Barbosa: seu pai, João José Barbosa de Oliveira, era primo irmão de Maria Felicia, avó do gen. Severiano Carneiro da Silva Rego).
Cf. Genealogia dos “Barbosa de Oliveira”, de Américo Jacobina Lacombe in Anuário Genealógico Brasileiro, ano II, 1940, pp  290-306

Farmacêutico e dentista. Pertencia à maçonaria, integrando a Loja Luz Invisível nº 0.749, de Curitiba: cf. http://www.museumaconicoparanaense.com/MMPRaiz/LojaPRate1973/0749_obreiros.htm

Filhos:
1. Corina Carneiro
2. Leda Carneiro


1. Corina Carneiro


Corina Carneiro
* em Porto Alegre a 4 de dezembro de 1911
X em Porto Alegre a 14 de fevereiro de 1936 com Inácio Xavier de Azambuja
Filho do general Estácio Xavier de Azambuja e de Matilde Silva.


2. Leda Carneiro


Leda Carneiro
* em Porto Alegre a 10 de junho de 1913
X em Porto Alegre a 6 de maio de 1931 com Frederico Barros Hoffmeister.
Filho  de Frederico Hoffmmeiser e de Alzira Barros.

Filhos:
1) Fernando Hoffmeister, * em Bagé a 6 de outubro de 1932
2) Mariana Hoffmeister, * em Porto Alegre a 29 de junho de 1934


IV. Rolinha Palmeiro Pereira da Cunha


Rolinha Palmeiro Pereira da Cunha
X com o dr. Ernesto Pereira, * em Goiás
Filho: Ernesto Pereira, + solteiro

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